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Mostrando postagens com o rótulo #conquista

Bernardo e a Porta dos Fundos

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Em São Paulo, publicitário mata zelador por causa de desentendimento na entrega das cartas e jornais.  No Rio, fotógrafo morre do coração na frente do hospital especializado em cardiologia sem ser atendido.  Em Brasília, jovens são multados em 5.400 reais por dividirem o carro para passear. A multa chegou 4 anos depois. Em Belo Horizonte, recebo uma declaração de amor: – Preciso te contar uma coisa. Tenho um filho que está com 7 anos. E ele se chama Bernardo por sua causa. Quando éramos colegas, decidi que se um dia tivesse um filho, teria seu nome. Porque achava você inteligente, divertido, bem humorado. Queria que meu filho fosse assim. Ano passado, contei essa história pra ele. Sabe?, ele é. Quero conhecer Bernardo. Dizer a ele que não assista jornal todas as manhãs. Que continue inteligente, divertido, bem humorado. Que o mundo é bem melhor do que o que aparece nos noticiários. O mundo mesmo, de carne e osso, é cheio de declarações de amor. Mas o que vend

Para vovô Toi e vovó Lili

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Ei vovô Toi, ei vovó Lili, é Beatiz. Eu num sei falá direito. Eu tenho têis. Papai falô que eu dei uma rôpa de cama pa cama nova. Eu gosto de durmi. Eu quero durmi na cama nova do vovô Toi e da vovó Lili. Eu gosto de música. Vovô Toi também. Vovó Lili gosta de cores. Igual eu. Eu sei desenhar. Eu quero nadar na banheira do quarto da vovó com o papai. Eu quero. Filha, ontem vovó fez 69 anos. Dia 17, vovô faz 70. É uma data especial, quando gostaríamos que estivesse aqui, presente não só em nossos corações, mentes, lembranças, fotos. Quando penso no tanto que vovô e vovó esperam esse contato, o quanto beijam suas fotos, fazem carinho nelas, me dá pena de quem não entende o quanto isso é importante pra você e sua formação, para a construção de uma identidade mais rica e plural. Sabe filha, tenho muitas graças e muito a agradecer. Sobretudo por você. Mas devo agradecer primeiro a eles, seus avós, nestes dias de comemoração e saudades suas. Porque eles me trouxeram até a

Sapatinho de Cristal

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Olha. Vê. Atenta aos sinais do Tempo, que nos sussurra segredos. Somos-nos nossos, nossamente únicos.  Amarantados, amorecemos. Existe um tipo de ilha que tem mar de amor em volta: chama filha. E queima. Para ela navego perdido, querendo me desencontrar. Sou nau a deriva, nesse há mar vasto e casto. Remo com as mãos, remo com os pés, remo com os dedilhos nos teclados do mundo, em busca da música perfeita. Remo cabelos da menina, encaracolados, enborboletados, Borboleta do Mar. Há espumas que nem sei. De tanto chorar pra dentro, emareei-me. Há mar fora, há mar dentro. Hoje, calmaria, aguardo o meu amigo Vento. Disse-me outros segredos, amigo do Tempo que é:  Três amigos de mãos dadas. O Tempo, o Vento, a Mar. Porque em francês, Mar é palavra feminina, de tanta gestação: peixes, filhos, alimentos, juras, poemas.  Talvez o Vento tenha esposado a Mar. Deles, nasceu o Tempo, que brinca amigo da minha filha, cuidando dela, meu tesouro, pra um dia me entr

À margem da vida

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É fácil reclamar da vida. É fácil colocar a reclamação como moeda de troca. Um dia, disse ao meu psiquiatra e analista que a imagem que eu tinha era a minha, em pleno inverno rigoroso, no meio de um lago de gelo que não conhecia. Me faltava um corrimão. Demorei 35 anos para compreender que é possível patinar e sentir a brisa: o carinho que o Vento faz na gente quando é decidido ir ao Seu encontro, quando é decisivo ir ao seu encontro.  Aprendi que quanto mais duro o gelo, mais deslizam os patins. Quanto mais duro o gelo, mais reflexo ele dá. Mais posso me ver. Quando patino, sei que estou em queda livre, como os aviões em parábolas perfeitas. Eternamente controlando a queda, pesados que são, até seu pouso majestoso e improvável. Para pousar, foi primeiro preciso acreditar. Ouso patinar.  Reclamar é jogar a culpa pra plateia, na espera de que o julgamento não venha, inseguros que somos. Acontece que a limitação está em quem é julgado na mesma medida de quem jul

Para Norma e Giovana

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Estou novamente no Campo das Estrelas.  Daqui do alto, vejo as Três Marias. Vejo constelações que não sei o nome. Vejo o breu que se traduz em nada, vejo o nada que se traduz em breu. Vejo as nuvens bem abaixo do avião, que sacode um pouco voltando pra casa.  Hoje, fiquei 4 horas e quinze esperando para conversar com uma juíza. Alguém que nunca vai ter a dimensão do meu amor por minha filha. E que se julga julgadora, julgadora que é.  No prédio do Ministério da Justiça em Brasília, uma das tantas fontes que adornam a fachada é desligada. São várias, uma não funciona. É uma sábia e triste alegoria que diz da imperfeição da justiça dos homens. Há três anos me encontro nu, embaixo dessa fonte, com minha filha, esperando a água que não vem. Uma promotora de Justiça de nome muito justo, "Norma", achou finalmente estranho o fato de ter um pai e uma filha pelados em plena praça dos três poderes, e decidiu intervir.  Perguntou ela: será que passado tanto tempo,

eu tinha muito a dizer

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Hoje, tentei, sem sucesso, falar com minha filha.  Ela não quis falar comigo.  Dizem que criança aprende com o exemplo.  Só estudei um semestre de lógica no curso de Filosofia.  Vai aí o que eu gostaria de lhe dizer hoje, Beatriz: Filha,  quando você tiver quarenta anos, quais serão suas questões? Será que você já vai ter filhos? Será que terá constituído família? Será que família ainda será uma instituição como nos dias de hoje? Será que a valorização da família vai ser novamente importante? Ou será que não, que não existirá mais tal coisa, será que também a igreja, a crença, a fé, as virtudes terão mudado a tal ponto que não daremos mais valor aos pais, aos filhos, aos irmãos? Será que o conceito de humanidade vai sobrepor o conceito da família, tornando-nos todos partícipes da raça humana de uma maneira fraterna e igualitária? Ou será que nem este conceito será de possível apreensão, dado o caminho que percorremos hoje, quando o individualismo e o consumismo tomam

2013

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2013 foi bom? O café queima minha boca, fst!. Deito a xícara no pratinho. Olho o vazio e vejo Tempo. Esse ano foi bom? Puxa. Foi um ano como nenhum outro, como tinha que ser. Ano de fé, de superação, de prova, de dor e de amor profundos. Em 2013, voei de balão com São Jorge e o Arcanjo Serafim na Capadócia. Encontrei o Papa Francisco no Vaticano. De lá, andei o mundo. Refiz o Caminho de São Bernardo e São Francisco peregrino até Assis, encontrei-me com Santa Clara e São Francisco na Porziuncola e me ditei Caminhos. Pedi perdão. Andei até Chiusi Della Verna, onde as chagas de Francisco brotaram dor do mundo, compaixão pelo semelhante. Aceitei os desígnios do Mistério da Fé. Ouvi. Pus-me a andar. Atravessei a Itália. Atravessei a França. Atravessei a Espanha. Atravessei a minha própria expectativa e cheguei a Santiago de Compostela. Recebi tantas cruzes e preces, que não era mais eu quem caminhava. Era uma legião de amor, de prece. Cruzada de compaixão pela dor origi

O dia em que morri

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Morri hoje, pela manhã. Sem que esperasse, sem que soubesse,  sem dar notícia,  sem palco, sem terno, sem lastro,  sem medo, sem tudo,  morri. Fui hoje noite, de dia. Amanheci, tomei café e fui morrer logo cedo. Morri feliz. Não tinha flor, não tinha odor e nem platéia. Não tinha médico, não tinha cético, não havia crente. Me fiz semente, morri somente. Morri. Me fiz maior, mor,  ri de mim mesmo. Foi num átimo, préstimo, servi pra algo: morri. Morri eu, comigo, mesmamente, morto completamente em vida. Morte. Quando vi VIDA e MORTE juntas pela primeira vez eu li: vidAMORte. Ciclo tímico, tácito,  me vi pétala em sua mão. Minha filha flor e eu arrancada vida em sua palma com um simples gesto de amor: – Te amo, papai! E eu, nada, escorri.  Esvaí-me sentidos todos, múltiplos, numa morte linda e pura e louca e intensa e imensa. Nudação. E renasci pelado pai, sorriso só, 

O Durex de Deus

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Não foi à toa que Lulu das Ilhas me deu um cata-vento de presente. No dia do lançamento do livro V ENTE , meu segundo livro publicado, ela trouxe esse cata-vento da Ilha de Florianópolis pra mim, regalo simbólico, mágico, místico, lindo. Pois bem: no dia mesmo, quebrou uma pá. A azul (sintomaticamente). Na volta, depois de ventar comigo no lançamento, com o apoio de quase trezentas pessoas que lá foram prestigiar o Novo Céu , a instituição apoiada pelo lançamento do livro e este autor aqui, que vos tecla. A vida tem disso. Muitas pás se quebram assim, pelo excesso de energia. Até de amor. Acontece que coloquei o cata-vento do lado do computador, na mesa do meu escritório e ele nunca mais tinha ventado. Ou, melhor dizendo, nunca mais tinha catado vento algum. Com a pá quebrada, estava aqui pra que eu o visse todos os dias e 1– servisse de inspiração, por ter sido dado com tanto carinho por uma amiga muito especial, uma referência de ser humano muito ligada às Virtudes maiore

p ai

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Indaga a minha amiga, um pai, por definição: – O que é ser pai? Me diga. Eis o Caminho em questão. "Pai"   Sou um parquinho vazio. Balanço parado. Escorregador solitário. Carrossel silencioso. Gangorra estática. Brinquedo imóvel espera, silencia a alegria. As cores vivas desbotam com o tempo, o palhaço faz graça e não ouve aplauso, cadê riso, cadê sorriso, cadê olhinhos brilhando de excitação? No picadeiro do tempo, o vazio da plateia incomoda os dias quentes embaixo da lona. Quero uma bundinha assada, escorregando calcinha pintada de bichinhos e gritinhos esganiçados. Quero o abraço de bracinhos miúdos, mais forte que de um urso, donde nunca mais desprendo. Pai? Só sendo. Mistura de amor, afago de Eros, ser pai é tomar consciência do seu tamanico no mundo. O universo todo cabem em um filho. Há mar. E as ondas morrem na praia do peito, na areia quente onde meu bebê deitou aconchego. Minha filha de 2 anos mora a 2.222km de distância da minha morada. Por

receita infalível

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Tem hora que decide desistir, que essa coisa do amor é assim mesmo um pouco burra, um pouco egoísta, um pouco tensa, um pouco chata, que na verdade esse assuntado dar e receber termina sempre em balança, e quando a gente dá e acha que o outro acha que o que a gente acha tá bom e o outro acha que a gente acha que o que o outro acha dá pro gasto, aí vira uma achação chata, cheia de achismo, saudade, desencontro, desmedido sentimento, e aí, cê já viu, né: o outro encosta, ou acha que nem tem que fazer força que já ta bom, ou espera que você entenda que do jeito do outro é que tá bom e você pensa que se o outro não consegue entender que você morreu num abraço, viveu num laço, acordou num destino, remoçou num olhar, explodiu num carinho, se encontrou numa mordida, num aperto suado, numa nuca molhada, numa cobrança besta, numa noite só quando era pra estar junto, encaixado, com beijo roubado, já que tapinha não dói, e a marca das unhas que acabam ficando nas costas acabam saindo, a mordida n

Nós não temos limites

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" Sr. Anderson, posso fazer uma pergunta? " " Pode ", disse o professor de literatura. " Porque as pessoas bacanas escolhem as pessoas erradas pra sair? ", perguntou Charlie. " Estamos falando de um alguém específico? " Charlie fez que sim com a cabeça. " Aceitamos o amor que achamos que merecemos. " - pontuou o professor. " Podemos fazer com que saibam que merecem mais? ", continuou Charlie. " Podemos tentar. " - disse Sr. Anderson. (sorriso) Leia de novo a resposta do professor, inspire e expire uma vez, antes de prosseguir: "Aceitamos o amor que achamos que merecemos." Imagino que o livro aclamado pela crítica seja bacana. Não imaginei que o filme pudesse ser. Mas tem dois momentos muito específicos que me tomaram por inteiro. Um, esse. O outro, vejam vocês mesmos (e quem me conhece vai saber na hora), se tiverem vontade de assistir a uma sessão da tarde. Claro, porque o filme não p

Nosso rumo

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Ele, menino, intuiu que era esse o Caminho a seguir. Descobriu que a amava quando ela se encontrava deitada, enferma, aninhada em suas mãos, passarinha de penugem clara e bico forte, selvagem por natureza. Percebeu que o peito da gente é só é uma gaiola. Soube que se deixasse ela voar, mantendo sua gaiolinha aberta, quem sabe, ela teria vontade de voltar pra fazer ninho? Os peixes são mais peixes quando n'água nadam. Ele, nada. E descobre em seu Caminho, muito caminho a andar. Ela voa. Ele, não. Ele caminha. Mas seus pensamentos podem voar. Seus pensamentos e seu coração.

A Rainha e o Cavaleiro.

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Cavaleiro Templário contemporâneo ainda ajoelha diante de sua Queen. Uma de dois anos de idade. Ela, filha, o abençoa em sua jornada. Odisséia pessoal universal única, se é que isso é possível, sai seu fiel cavaleiro andante pelas linhas tortas de seu destino, rumo ao nada. A ideia primeira, era andar de Belo Horizonte a Recife, ou seja, a distância de 2.222km entre sua casa e a casa onde mora sua filha, pra mostrar que "Pai é só uma seta amarela". Pai é exemplo, e só. Nesse caso, o exemplo de paz. Em busca das virtudes perdidas do Bem, do Bom e do Belo, alvos tangenciados tantas vezes e dificilmente alcançados. Não foi fácil, posso dizer. Fui eu. Foram 88 dias de caminhada, 14kg que se foram pra sempre, deixados, escorridos por cada uma das gotas de suor. Bagagem extra desnecessária na vida da gente. Acho que vou lançar um Best Seller: "Emagreça 14kg em 88 dias". O mais difícil é só a caminhada do Vaticano a Santiago de Compostela. Os detalhes são fáceis.