Pílulas do dia-a-dia. Encontros textuais e intertertextuais. Desencontros intermidiáticos. Ou seja, mais um Blog sobre nada.
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Tem hora que decide desistir, que essa coisa do amor é assim mesmo um pouco burra, um pouco egoísta, um pouco tensa, um pouco chata, que na verdade esse assuntado dar e receber termina sempre em balança, e quando a gente dá e acha que o outro acha que o que a gente acha tá bom e o outro acha que a gente acha que o que o outro acha dá pro gasto, aí vira uma achação chata, cheia de achismo, saudade, desencontro, desmedido sentimento, e aí, cê já viu, né: o outro encosta, ou acha que nem tem que fazer força que já ta bom, ou espera que você entenda que do jeito do outro é que tá bom e você pensa que se o outro não consegue entender que você morreu num abraço, viveu num laço, acordou num destino, remoçou num olhar, explodiu num carinho, se encontrou numa mordida, num aperto suado, numa nuca molhada, numa cobrança besta, numa noite só quando era pra estar junto, encaixado, com beijo roubado, já que tapinha não dói, e a marca das unhas que acabam ficando nas costas acabam saindo, a mordida nem tá roxa mais, e como o lençol foi lavar nem o perfume fica, e no fundo a gente se esquece de que primeiro tem que lembrar é da gente mesmo, afinal de contas o outro acha que a gente nem lembra do outro, mesmo que você desmarque tudo pra estar com o outro, e o outro se esquece de ser delicado, ou de avisar o que já sabia, e quando você liga avisa assim, como se não soubesse, e a vida vai indo, e vem gente, vai gente, e gente chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais, como diz a música, e os verdadeiros encontros e despedidas se dão, e a gente acaba acostumando tanto com isso determinada hora que o sofrimento passa a ser cada vez menor, e essa menina que entrou agora no elevador será que ela é daqui, acho que vou comentar alguma coisa estúpida sobre o clima ou a vontade de almoçar ou comentar alguma coisa desse vestido dela pra ver se dá uma liga, e antes de comentar ela já desceu no sexto, e tá vendo, como as coisas são, como o mundo gira, e se a gente não cuida é assim, é num eu já tenho um compromisso, eu só vou ali encontrar fulano, hoje não to muito a fim e o fim acaba próximo e engraçado como um pensamento recorrente cola nos outros e uma coisa vai puxando até que você finalmente se lembra que o melhor mesmo é ficar em silêncio e, quem sabe deixar essa história de alguém novo na vida pra lá. Ou não.
Fazer Mestrado em Comunicação tem me deixado bem perplexo. Procurei uma palavra e achei: "perplexo". É uma boa palavra. Acho que ela casa bem com essa pseudo-introdução... Quero ler Gilles Lipovetsky. Quero lê-lo e não achar que a publicidade é sem sentido, sem motivo, sem razão. Quero dar sentido à minha vida publicitária enferma. A "sociedade do hiperconsumo" - como ele diz - deveria ler Nilton Bonder. O líder espiritual rabino Bonder, sabe que ser também é ter... Olha o rabino aí: " Não só a carência física dará valor às coisas do mundo, mas também as carências emocionais, intelecturais e espirituais. As prioridades e as limitações da existência terão grande impacto sobre essas decisões do ter e do não ter. É na profundidade e precisão destas valorações que se manifestará a qualidade da experiência de 'ser ' ". Mas valor? Aiaiai. Estão pedindo demais de mim. Estão pedindo demais do outro. Quem falou que somos capazes de estabelecer Valor? Arn...
Há espera em toda paterninade. Há saudades indizíveis. Paradoxais sentimentos, urdidos ou ardidos pela nossa imaterna circunstância, estapafúrdia. Vivo me remendando, a duras penas. Crítico cruel de mim mesmo, não dou tréguas para minha inaptidão. Quero ser cada vez mais sensível, terno, cuidadoso, carinhoso, precisando demonstrar que o ser paterno marca a cisão, alude o mundo e seus perigos, incita ao voo para fora do ninho. Minto. Quero-as aninhadas, comigo, aprendendo a cozer a rotina no cotidiano sem graça da vida comum. Com duas, com minhas três. Firo-me na falta. Hoje, deitado do lado, vendo a mais nova ouvir estória antes de dormir, luo-me. Os japoneses tem uma coisa bonitinha demais: colocam "chan" (lê-se [tchan]) depois do nome, ao citar a criança, para demonstrar que estamos nos referindo à filha pequenina. Maria-chan. Maria-chan sentadinha no travesseiro de perninhas abertas, para que a mãe pousasse a cabeça no mesmo travesseiro, um quase colo deitada na cama, co...
do facebook de Roberto Guido compartilhado por Patrícia Tavares Instituo verbo novo: Qurer. Proponho desafio a Caetano, Gil e Chico. Que cada um faça uma música com o novo verbo Qurer. Ou, uma música dos três, tanto faz. Tanto faz. Proponho esse verbo n'ovo, verbo de resistência, que desconstrói a pura crença edificando-a na vontade. Que tira o verbo ser, conjugado no presente, da palavra querer. Verbo de transcendência, que dá desse modo ao querer, o benefício do inefável, da dinâmica do andar com fé, que a fé, como já nos disse Gil, não costuma faiá. Juntei na bacia da minh'alma o crer e o querer. Pra dizer que eu acredito. Pra dizer que além de acreditar, eu quero. Pra dizer que além de querer, tenho fé. Não me venha com essa história que rir é o melhor remédio. Porque não posso ficar alheio ao que leio como crítica à contemporaneidade da alienação (a foto do Gil tocando violão no mesmo sofá de uma moça que ostenta um novo caro fone de ouvido), ...
Comentários
Adorei o ritmo! Parabéns!