Postagens

Mostrando postagens com o rótulo #aterceiramargemdorio

São Tomé

Imagem
Sonhei que comprei uma casa nova no caminho, ao lado de um Córrego. Quando chovia na cabeceira, o Córrego entrava e inundava todo o primeiro andar. Tudo o que guardei em minha lembrança ficava então debaixo d'água. E eu podia ser feliz novamente. Tentei tirar caixas de violino da água, botá-las pra secar. Violões, um piano, a barra de uma túnica muito minha, sagrada e branca, que estava em um cabide. Mas a água cristalina vinha e banhava o chão da sala da minha casa deixando tudo cristalino e limpo e lindo e líquido. Pedra. São Tomé. E, de repente, você voltou. E pude finalmente lhe mostrar o primeiro andar submerso onde eu entulhava as coisas todas. Terceira margem. Eu quis desviar o curso do córrego, você não deixou, e Ele, água, começou a banhar nossas vidas. Foi a partir desse dia que começamos a viver sempre descalços, só no segundo andar, com a água fresquinha envolvendo os pés que já caminharam tanto.

Um pau pra chamar de seu

Imagem
É preciso que algum estudioso faça um artigo de fundo sobre o pau de selfie.  Eu não sou estudioso e nem tenho conhecimento para isso. Aliás, nem pau de selfie eu tenho. Meu pau é outro. Oco. O pau de selfie é o falo contemporâneo. A ereção compartilhada.  Se dá assim: o pau de selfie fecunda o anonimato. Nasce o reconhecimento.  Filho legítimo do indivíduo com a sociedade, morre à míngua porque sua mãe é desnaturada. Ela não quer dar de mamar. Por isso, morre dias, horas, minutos depois, sem atenção, sem carinho, sem cuidados. Coitado. É preciso que alguém discorra sobre o pau de selfie. Coisinha fina que não faz canoa. Não bóia, não cutuca, não é pra toda obra, não escorrega, não protege, não faz calar. Não consola. Nem goza. Mas tá aí, pra cima e pra baixo pra todo mundo ver. Pau enorme, nosso pai? Eu tenho pena do pau de selfie. Porque de self ele me parece ter muito pouco. Não sei (mais) qual o limite do particular e do coletivo. Talvez es