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Mostrando postagens com o rótulo #espera

Haikai da espera

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todo abraço é vazio da minha filha

Degelo

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" Na vida e no amor, o pior inferno para uma pessoa é estar separado de quem se ama. " - disse o pensador... Penso, me dito. Será que tem ele razão? Foi assim que se deu. Como se entendeu separada de seu amor, resolveu separar o amor dele para sempre. Infantil satânica escolha, que vive do eco da voz de Deus, o verdadeiro amor não se separa... Sinto muito. Nem o dela, nem o dele, nem Nada. Pois nem o pobre do tudo é capaz de separar o amor verdadeiro. Ah, se abençoada fosse a fossa. Amor, imenso, líquido amálgama. O único capaz de superar, suplantar, redimir, perdoar. O anjo da vida, nota da harmonia, terra arada, semente escondida, desejo em presença, encontro, cântico, o amor é sem corrente, sem definição, infinita noção, sem deixar de ser infinito, o amor é dito, cujo, ornado, glorificado. É o Nada potente, por deinfinição... O amor ri de sacudir da distância do amado. Pois amor! Quando interno inferno, inverno de gelo. Sou guardião da primavera.

Dia da Verdade, mas pode ser chamado de "dia do juízo".

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Filha, hoje é dia 01 de abril, dia da mentira. Mas já é noite. Cedo, fui na minha segunda aula de piano. Há 1 mês, estive conversando com Maria Rita, professora da Fundação de Educação Artística, que me aceitou de volta como aluno. A última anotação que consta nas costas de um dos meus livros de partitura é de 28 de novembro de 1986. Seu pai era um menino. Eu disse a ela: – Maria Rita, preciso de sua ajuda. Meu objetivo é muito claro. Minha filha está com 3 anos. Nos seus quinze anos tenho que fazer um concerto pra ela. Com quinze músicas. Portanto, temos 12 anos pra que eu aprenda 15 músicas pra tocar pra ela nos seus 15 anos. E eu sei quais são elas. Ou melhor, quase todas. Falta uma. Essa é minha, e eu ainda não compus. Agora é noite, filha. São mais de 20h e estou sozinho aqui em casa estudando, já que tive a segunda aula. A partitura de Falling Leaves, de David Kraehenbuehl está aberta em cima do piano. Uma música simples e triste.  A coerência dessa música hoje

Ro meu, Juli êta!

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Ama quando esconde. Revela só pra si. Sopra-se. É vento da alma, sorriso esperança, fé que cura dodói. Limpou os cantinhos da alma, pode mover-se, lubrificada, oleosa clama por um abraço quente. Um de suspiro. Quer que segure suas mãos, quer que aperte firme suas mãos, olhe em seus olhos, afague só com a existência dos sentidos, contemplação mútua, orvalho do querer. Cursor pulsando na folha em branco. Entrega desistência, rendição plena, as máscaras venezianas afundam finalmente em seus canais. De lá nunca deveriam ter saído. O diabo pede pra contar em trovas o sucesso de Shakespeare. Frei Lourenço agora é outro: o veneno do amor é o tempo, senhor do equilíbrio e razão. Que um dia, quando pular da ponte, tenha aprendido finalmente a voar.

As ondas fazem carinho na areia do tempo

Há quem espere sentado, há quem espere em pé. Há quem desista de esperar. Há quem medite a espera e quem espere meditando. – És père. Enunciado de há mar.

O dia em que morri

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Morri hoje, pela manhã. Sem que esperasse, sem que soubesse,  sem dar notícia,  sem palco, sem terno, sem lastro,  sem medo, sem tudo,  morri. Fui hoje noite, de dia. Amanheci, tomei café e fui morrer logo cedo. Morri feliz. Não tinha flor, não tinha odor e nem platéia. Não tinha médico, não tinha cético, não havia crente. Me fiz semente, morri somente. Morri. Me fiz maior, mor,  ri de mim mesmo. Foi num átimo, préstimo, servi pra algo: morri. Morri eu, comigo, mesmamente, morto completamente em vida. Morte. Quando vi VIDA e MORTE juntas pela primeira vez eu li: vidAMORte. Ciclo tímico, tácito,  me vi pétala em sua mão. Minha filha flor e eu arrancada vida em sua palma com um simples gesto de amor: – Te amo, papai! E eu, nada, escorri.  Esvaí-me sentidos todos, múltiplos, numa morte linda e pura e louca e intensa e imensa. Nudação. E renasci pelado pai, sorriso só, 

Nada é tudo.

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*foto do arquivo público mineiro Mesmo grogue, se virou na maca quando apontou na porta, vindo do corredor do hospital: – Sabia que você estava aqui. Senti seu cheiro.  Disse ela. Os enfermeiros emparelharam a maca com a cama do quarto do hospital.  "No três" , disse um deles. E a colocaram por sobre a cama, ainda de camisola e touca cirúrgica. " Se precisar de nós, estamos no final do corredor. Ela ainda vai dormir um tempo. A anestesia é forte." Saíram. Só ele e ela. E durante longas cinco horas, permaneceu ali, sentado ao seu lado. O mundo era só. Silêncio. Metro e meio e seus olhos, dali, caminharam carinho, lentamente, pelas trilhas do corpo quente que descansava. Sem maquiagem, sem vestido decotado, sem óculos de marca. Sem produção no cabelo, sem batom. Sem salto, sem bolsa, sem carteira. Sem tudo. Com nada. Assim, ele a viu pela primeira vez. Haver. E, inexplicavelmente, foi olhando os pêlos do braço dela, aqueles pêlos

Nós não temos limites

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" Sr. Anderson, posso fazer uma pergunta? " " Pode ", disse o professor de literatura. " Porque as pessoas bacanas escolhem as pessoas erradas pra sair? ", perguntou Charlie. " Estamos falando de um alguém específico? " Charlie fez que sim com a cabeça. " Aceitamos o amor que achamos que merecemos. " - pontuou o professor. " Podemos fazer com que saibam que merecem mais? ", continuou Charlie. " Podemos tentar. " - disse Sr. Anderson. (sorriso) Leia de novo a resposta do professor, inspire e expire uma vez, antes de prosseguir: "Aceitamos o amor que achamos que merecemos." Imagino que o livro aclamado pela crítica seja bacana. Não imaginei que o filme pudesse ser. Mas tem dois momentos muito específicos que me tomaram por inteiro. Um, esse. O outro, vejam vocês mesmos (e quem me conhece vai saber na hora), se tiverem vontade de assistir a uma sessão da tarde. Claro, porque o filme não p

Abra-se

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O sentimento do mundo cabe num abraço. Abraço apertado, abraço profundo, abraço de fé, de amor, abraço, laço do peito. O abraço abre o aço. Abraço, quando nossas gaiolas do peito se trançam. Somos passarinho a nadar juntos no mesmo baldinho. Ato de entrega, selo da amizade verdadeira, no abraço se deita no colo de Deus. Volto à infância. Sopro divino, no abraço se alinham dois corações. No abraço se aninham almas que se pretendem irmãs. Ímãs Hiato do conceito, quebra da dor, Abraço é coisa que faz o Tempo parar. Há mar, e cabe num abraço. O abraço compreende todo O universo. Poesia dos corpos, o abraço é a moldura do encontro. Nada a dizer, tudo a querer, o abraço é a verdade tangenciável do ser. Abra-se. Abrace. Agora. E experimente o ato sublime da criação conjunta. Há braço. E forte, apoio da sutil existência humana. Para o Peregrino e Cavaleiro Ramiro Maia que, descalço,  vestindo uma camisa com um peixe estampado,  atravessou o ocean

pé de silêncio

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Silêncio é escola  onde se aprende a ouvir. Silêncio é mola onde se joga a fala. Silêncio é oco oca da ideia da gente. Silêncio é árvore folhas, páginas em branco. Pé do silêncio, a inspiração. Seu passo, sopro. Se eu passo, silencio. Pé de silêncio, meu livro em branco. Quando fala falo,  o estupro da orelha,  calo.