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Mostrando postagens com o rótulo #amizade

Questões de Linguagem e Tradução

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As minhas aulas no mestrado acabaram. Posso voltar para a casa da minha filha, onde moro, em Belo Horizonte. Daqui, da ilha interna de Florianópolis, paro e penso. E elejo a primeira coisa que devo agradecer em minha passagem por aqui: o encontro com Yeo N’Gana. Costamarfinense, magro, estilo corredor, das cambetas finas e compridas, voz grossa, sorriso maior que o rosto, maçãs do rosto bem salientes, olhos profundos, negro azul-marinho, Yeo é um irmão que ganhei depois de 42 anos de vida. Moral, ética e inteligência de fazer inveja, Yeo é uma vara de bambu. Resiliente. Forte. Firme e absolutamente natural. Seu silêncio grita: – “Quando você fala baixinho, nos ouvidos, a pessoa escuta com a alma.”, me disse um dia. Aprendi muito aqui nesses 4 meses intensos de quase prisão domiciliar. Mas aprendi mais mesmo tentando Traduzir o meu novo irmão Yeo. Pra começar, foneticamente, seu nome é um Koan Zen Budista. Quando o chamo, pergunto por mim: “E eu?” A letra “e” é fec

Para quem tem prateleiras.

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Essa é mais uma tentativa de fazer alguma diferença na vida de alguém. Hoje cedo, recebi de um amigo (dos mais antigos que tenho) um comentário irônico sobre o 4 a 0 do Santos no Clube Atlético Mineiro, time que torço, time que foi presidido por meu avô, o delegado de polícia Hélio Soares de Moura, na época que o Kafunga jogava. Fiquei curioso: o Cruzeiro teria ganhado de quanto, para que meu amigo viesse me sacanear? Não, ele empatou em casa, com o lanterna do campeonato brasileiro. O que quer dizer: o prazer do meu amigo - e digo amigo porque sei que ele é - era simplesmente com a minha “desgraça”.  Podemos analisar de um modo simples, como atitude corriqueira e sem nenhum fundamento. Acontece que quando deixamos essas coisas passarem e viram coisas corriqueiras, simples, estamos fazendo a nossa parte para que se perpetue a condição que queremos mudar, acredito. Não acho que o brasileiro é filho da puta por natureza. Não acho que a malandragem tá no sangue

Ontem e hoje, nossos caminhos.

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Ontem fui ao coquetel de lançamento da exposição de fotografias do meu irmão mais velho, Daniel Mansur, com a curadoria especialíssima da bela Marcela Bartolomeo.  Ontem, eu entrava em seu estúdio pela primeira vez, época de faculdade, e redescobria o olhar. Tive muitos mestres em minha vida. Daniel Mansur foi um dos primeiros e mais marcantes. Sábio como poucos, me mostrou a importância da observação. A pesquisa escondida no olhar. A pergunta que se esconde no ver e a resposta que se revela no enxergar. WuWei. Revelei sentidos, muitos, em seus ensinamentos de vida e de trabalho, de ética e de dedicação, de crença na imagem: na que está dentro e fora da câmera. Na nossa, na do outro, na que produzimos com o mundo que se desvela à nossa volta. Meu primeiro "chefe". Meu primeiro tutor. Quem primeiro me falou sobre estética e a filosofia do Belo. Suas lições fundamentais sobre equilíbrio. Meu ponto de fuga nunca mais foi o mesmo. Ontem, quando recebi o

We're back

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Rock and Roll na veia. Ou na véia? A maior banda de Rock desconhecida do Brasil está de volta. Depois de amargar 4 anos na escuridão total, eis que ressurge como Fênix a banda Fenemê. Nunca ouvi falar? Provavelmente sua área não tem nada a ver com publicidade e propaganda. Formada desde o início por publicitários, a banda Fenemê era a maior banda de Rock desconhecida do Brasil. Sim, respeitável público, éramos 7. Bê Sant'Anna, este que vos tecla, nos vocais, acompanhado por Sílvia Behrens. Nas guitarras, Augusto Coelho e Francisco Brandão. No contra-baixo, Dan Zecchinelli. E na bateria Luciano Recife e Wagner Lanna. Sim, dois bateristas. Banda boa é assim. Tem até reserva de bateria. Era uma espécie de futebolzinho de terça à noite, mas sem campo, sem bola, com cerveja e muito rock. Nos reuníamos em um estúdio de ensaio sob o lema: "Ignorância é com o Fenemê" e sentávamos a lenha. Descíamos o bambu. Socávamos a bota. Na dúvida, toca alto! Dizia nosso baixista, sabi

FroZen

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Escala o himalaia de seu ego em busca do Nada. Sabe, não está lá. Mas empreende com forças e energias colossais, em ato contínuo, como se a resposta viesse no mantra movimento, na crença da revelação. Ela sabe que suas escolhas congelam o mundo. Mas não se lembra que qualquer escolha deve ser seguida pelo coração. Se ele não indica o caminho, ele deve ao menos compartilha-lo. Não se manda o coração seguir uma via e vai por outra, na esperança de encontra-lo lá na frente. É preciso lembrar que as retas paralelas se encontram no infinito. E o infinito é o sempre. O momento agora, imutável na lembrança, o momento agora imutável da lembrança. Toda lembrança é forma de perpetuação do tempo. O tempo hoje, gelo quente, que pode queimar sem deixar cicatrizes. Isolar-se não muda o curso das águas. Fugir não torna qualquer realidade mais quente. É preciso aprender a patinar no gelo e descobrir que todo amor vale a pena. Quando é real. Quando é vivido em abraço, com corações alinhados

The lone ranger

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2014, página em branco. A se definir. A se escrever. A ser deixada em branco. A ser lida daqui há alguns anos. 2014, página em branco. Meus dedos correm o teclado e não escolhem nada inusitado. Talvez queiram dizer que o ano do cavalo vai ser assim. Trote. Casco na terra, clop clop clop clop. Como um tic tac de um relógio. Um mantra do tempo. Um ano com copa, com eleições importantes, com inflação em alta, insegurança no mercado, restrição financeira. "Cavalo dado não se olha os dentes", diz a sabedoria popular. Não queremos que nosso cavalo precise de dentista. Queremos nosso cavalo relinchando, galopando, crina ao vento. Corcel, se possível. Puro sangue, de preferência. Cavalo de banho tomado, escovado, que brilha luz da lua, pasto verdinho, menina de vestido e laço no cabelo pendurada na cancela. Cavalo força, cavalo trabalho, cavalo fidelidade. Encontrei o imperativo do verbo ir no meu cavalo. Vou com ele. E não vou montado. Vou lado a lado do cavalo an

Tocando em Frente

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qu ando   and amo s o pre sente  de ama r ca minha mos en trela ça do s a pai xonados sou be  Odis seu volta r

O dia em que morri

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Morri hoje, pela manhã. Sem que esperasse, sem que soubesse,  sem dar notícia,  sem palco, sem terno, sem lastro,  sem medo, sem tudo,  morri. Fui hoje noite, de dia. Amanheci, tomei café e fui morrer logo cedo. Morri feliz. Não tinha flor, não tinha odor e nem platéia. Não tinha médico, não tinha cético, não havia crente. Me fiz semente, morri somente. Morri. Me fiz maior, mor,  ri de mim mesmo. Foi num átimo, préstimo, servi pra algo: morri. Morri eu, comigo, mesmamente, morto completamente em vida. Morte. Quando vi VIDA e MORTE juntas pela primeira vez eu li: vidAMORte. Ciclo tímico, tácito,  me vi pétala em sua mão. Minha filha flor e eu arrancada vida em sua palma com um simples gesto de amor: – Te amo, papai! E eu, nada, escorri.  Esvaí-me sentidos todos, múltiplos, numa morte linda e pura e louca e intensa e imensa. Nudação. E renasci pelado pai, sorriso só, 

Abra-se

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O sentimento do mundo cabe num abraço. Abraço apertado, abraço profundo, abraço de fé, de amor, abraço, laço do peito. O abraço abre o aço. Abraço, quando nossas gaiolas do peito se trançam. Somos passarinho a nadar juntos no mesmo baldinho. Ato de entrega, selo da amizade verdadeira, no abraço se deita no colo de Deus. Volto à infância. Sopro divino, no abraço se alinham dois corações. No abraço se aninham almas que se pretendem irmãs. Ímãs Hiato do conceito, quebra da dor, Abraço é coisa que faz o Tempo parar. Há mar, e cabe num abraço. O abraço compreende todo O universo. Poesia dos corpos, o abraço é a moldura do encontro. Nada a dizer, tudo a querer, o abraço é a verdade tangenciável do ser. Abra-se. Abrace. Agora. E experimente o ato sublime da criação conjunta. Há braço. E forte, apoio da sutil existência humana. Para o Peregrino e Cavaleiro Ramiro Maia que, descalço,  vestindo uma camisa com um peixe estampado,  atravessou o ocean

A Rainha e o Cavaleiro.

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Cavaleiro Templário contemporâneo ainda ajoelha diante de sua Queen. Uma de dois anos de idade. Ela, filha, o abençoa em sua jornada. Odisséia pessoal universal única, se é que isso é possível, sai seu fiel cavaleiro andante pelas linhas tortas de seu destino, rumo ao nada. A ideia primeira, era andar de Belo Horizonte a Recife, ou seja, a distância de 2.222km entre sua casa e a casa onde mora sua filha, pra mostrar que "Pai é só uma seta amarela". Pai é exemplo, e só. Nesse caso, o exemplo de paz. Em busca das virtudes perdidas do Bem, do Bom e do Belo, alvos tangenciados tantas vezes e dificilmente alcançados. Não foi fácil, posso dizer. Fui eu. Foram 88 dias de caminhada, 14kg que se foram pra sempre, deixados, escorridos por cada uma das gotas de suor. Bagagem extra desnecessária na vida da gente. Acho que vou lançar um Best Seller: "Emagreça 14kg em 88 dias". O mais difícil é só a caminhada do Vaticano a Santiago de Compostela. Os detalhes são fáceis.

Será fim?

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Do alto, lá, de dentro, pude observar. Onde não encontro, onde não procuro, onde nenhum lugar. Quando em oração, o silêncio de quem anda. A areia que o Vento sopra escolhe minha ampulheta. No cantinho das unhas dos meus pés, na costura dos panos, todos, ela quer pousar. Dormir seu sono do Tempo, seu sonho Castelo de Areia, vontade de completar algum vazio destino. Quem sabe o nome do cavalo de São Jorge? Eu sei. Serafim veio, encontrou caído, Homem que chora na Capadócia . Chorava rios destinos, estrada rasgada aos calcanhares, fissuras no asfalto da vida. Sua bile era piche a tentar remendar desatinos. O negro da noite cobriu seus olhos todos. Véu que mata, asfixia. Serafim tem dedos delicados. Pontudos. Pontua. Seis asas, seis contos, seis casos. Santa Clara naneou por um instante e ajudou Serafim a limpar seus olhos. Todos. Soprou em sua boca o Espírito Santo esquecido num canto. Onde vassoura alguma consegue varrer. Assim, segurou ombros. Levantou queixo. Ouviu queix