Canteiro
Cromossomos metade, descubro-te cada dia inteira, em tua porção nova e desconhecida. Reveladora.
Brava e triste. Alegre e risonha. Ousada e solerte.
És o agora, em tua beleza fractal disruptiva. Perene em tua mudança, és a própria transformação. Derramas a porção de linguagem que em ti sobra, mesmente tu tua mãe, até calada.
Caras e bocas, interjeições do existir: Maria escorre si mesmo enquanto o entusiasmo toma forma. Rompe.
Até quando a terei em meus braços? Hoje.
Até quando serei um teu colo? Agora.
O tempo do sempre ri de mim, frágil que sou, ignorante em julgamentos meus, primitivos. Presto à atenção.
Medito Maria, Beatriz que não é. Filhices.
Maria canta para a Lua. “Sua linda”, define-a. Maria entra no jogo, adulta.
És sabão na água da banheira, coentro na comida de quem gosta, rajada no pano da nossa nau: a cantiga em teu nome combina com a vastidão de teu primeiro e óbvio significante. Talvez mesmo a ária de uma sereia. Maria ama mergulhar.
Meu exercício de pai é olhar para ti sem olhar no espelho. Olho para ti como quem olha o céu, mas só vê estrelas. São caracóis as alianças que constituem sua octópode existência enlaçante. Eu me rendo. Bilros.
Igualmente agradeço: à Deus, à sua chegada. Sou grato.
Me esqueço: você, sua irmã, sua mãe. Suicisses.
Antes eu assobiava. Hoje, assobiaemaria.
O Amor canteiro.
Conheça o trabalho desse pai que faz um castelo de areia maravilhoso atrás do outro. Amo. Grato Kadu, por ser trilha de momentos especiais em minha silenciosa vida.
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