Foice
Acordou triste.
Tinha perdido o entusiasmo. Estava cheio de tudo. Precisava calar, precisava ouvir o silêncio, precisava descoisificar-se. A cheiísse de tudo não guardava espaço pra Deus entrar.
Precisou cavar. Foi necessário jogar tudo fora, todos fora, conceitos fora, ideias fora, problemas e soluções fora, soluços fora, mágoas fora, sorrisos fora.
Foram dias. Meses. Anos.
Nós.
Fomos, foram-se. Foi-se. Foice. Decepou tudo.
Varreu.
Passou pano.
Deixou secar.
Abriu a janela da alma.
Abriu a porta do coração.
E um dia, depois de muito tempo Nada, descoisificou-se finalverdadeiramente. E pode ouvir seu sangue, sentir-se pele, respirar o vazio do ar, descobrir-se inspiração e expiração.
Coraçificou-são.
Hoje, ouve passarinhos e escuta crianças.
Na foto, Bê Sant'Anna no Caminho de Santiago em 2009
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