A volta dos que não foram





Poeira em alto mar.

É que partimos sem perceber. E, de repente, nos perdemos. Parece que fica o gosto da saudade. De nós mesmos. Desencantados?, perdidos?, não sabemos onde estamos... Escancarados, de portas e janelas abertas para o mundo, que entra todo, parece que sem pedir licença. Duvidamos de nós mesmos. Sou eu mesmo na carteira de identidade?

O mundo gira, e com ele, a gente. O Tempo faz fila. E quando acordamos, estamos lá, onde quer que seja, levados por Ele. Na comédia romântica O Casamento Grego, o irmão da noiva diz a frase que nos faz calar: “não deixe que seu passado decida quem você é, mas deixe-o fazer parte da pessoa que você será”.

É que há sempre escolha. É que há um Haikai meu, do livro V ENTE: Haikai do Livre Arbítrio. “Quem planta, escolhe”.

Acho que é bem isso mesmo. Sempre é possível escolher entre subir ou não no trem que parte. Quantas vezes não sabemos seu destino final? Acontece que há muitas estações. Nelas, possibilidade de baldeação. Quem acha que “voltar” é sinônimo de perda de tempo, não sabe a importância de se viajar com a chave de casa no bolso. Sabe, quando parti para minha odisséia pessoal, minha mãe disse:

–Filho, você está levando o que precisa?

Eu disse:

–O principal está aqui, mãe. A chave de casa.

De tempos em tempos, todas as células do meu corpo mudam. Meu nome, não.





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