Ficar, pensar, dizer.
Fico pensando que não há o que dizer. Fico falando que não há o que pensar. Penso dizendo que não há porquê ficar.
E escrevo. E decido solamente andar. Sem lamentar. Porque é chato. Principalmente porque é chato. Hoje não sei mais sofrer. Hoje nada me dói. As pessoas podem entender que rir é melhor que chorar. Que amar é melhor que brigar. Que no fundo no fundo, todo mundo só quer um abraço. E um carinho. E um sorriso. E uma gargalhada de tarde, antes do sol se pôr, ouvindo uma coisa engraçada e simples, e depois do sorriso só dar aquela suspiradinha gostosa e rir com os olhos pro outro que está na nossa frente.
O outro pode estar fora e estar dentro, um dia a gente descobre que isso não importa. Não importa nada, de fato. Cabe um encontro com a solidão verdadeira, com o muro de nós mesmos pra que conheçamos a vastidão de sua altura, a concretude de sua largura, a força de sua imponência. E vale soprar o muro. De levinho, devagarinho, com o Vento da palavra amor que decidimos dizer e que sopra mais na vogal "o", hálito divino da vontade de conectar-se com o universo, pedra jogada no lago da existência, que amplifica:
amor.
a m o r.
a m o r.
a m o r.
a m o r.
a m o r.
a m o r.
Que vontade de dar um abraço em mim mesmo agora. E dizer que estou aqui. Andando. E amplificando a palavra amor pela enorme plantação de corações que vejo à minha volta, uns escondidos, outros esquecidos, a maioria fortes, brotando, sementes que só esperam um tantico d'água para renascer.
Sem ficar, sem pensar, sem dizer, sem escrever, amo. Não importa a crença. Importa o amor.
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