O beijo



Ela escreveu, no final do texto: "beijos sextafeirísticos".

Fiquei pensando o que significa. Não sei bem se pra ela ou pra mim.

Escolhi colher os melhores beijos que a sexta-feira pudesse me dar.

Beijos como os que dei, beijos molhados, beijos apaixonados, beijos agressivamente sutis e enamorados.

Beijos alucinados, beijo de amantes, beijos roubados.

Beijos que batem as costas no batente da porta, beijos que passam pra outro estágio do onde, perco-me beijos a  me esfolar sem sentido, destituído de forma, dor, compaixão.

É o beijo o distúrbio do não?

Beijo sem ei, sem be e sem jo, beijo logo no início, do amor.

O beijo que aproveito, o beijo que me faz desfeito, o beijo de língua, de jeito, mão, nunca, curva das costas, penugem do lombo.

O beijo é um tombo.

O beijo que me faz morder, o beijo que me faz entender, o beijo que aprecio, um bom beijo no cio.

O beijo vinho, espumante, cerveja, o beijo de ser, de quem viceja.

O beijo que é janela pra alma.

O beijo que me faz perder a calma.

O beijo anuncia: sou noite e sou dia.

O beijo que sou, nas profundezas vermelhas e ardentes do amor.

Bom, fico com esses beijos. Afinal, ela não especificou qual.


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