Quando Esgarça
palavras que escapam da ponta dos dedos.
frases ocultas, reveladas pelo mistério da escolha.
em todas as letras, procuro seu nome.
as construções verbificam minha dor.
os versos palavreiam sua falta.
as estrofes me contam nada, o sono do ser.
vontade de deitar, de dormir, de sonhar pra sempre o sono de não ser.
há água fria, há comida gelada, há falta de sal.
o abraço no travesseiro atravessa a madrugada de um carro que passa lá no longe.
um ônibus.
um gato.
um cachorro que pasta, pastoreando as ovelhas que não pulam minha cerca.
o primeiro passarinho bem que podia ser a cotovia.
mas é só o pardal que anuncia.
mais um dia vazio, mais um dia esperança.
mais um dia sem dança.
mais um dia sem graça, sem garça, sem praça.
mais um dia sem a poesia de amanhecer com você.
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