Sol ela.
Céus do Planalto Central.
Voando, vejo o pôr-do-sol.
A terra negra,
o céu azul acima das nuvens, o cinza das nuvens, o dorso alaranjado do mundo. O
finíssimo contorno das nuvens brilhando luz, delineando formas. Há sombra, há
luz, há clarão. O Sol escondido aparece em tudo que toca. Maravilhei-me de
tudo. Penso vastidão do mundo, penso planalto central, penso visão além do
alcance, penso vasto, profundo, eternamente momentâneo. Penso no amor presente
nas coisas todas.
Essa luz é amor, penso. Essa sombra é amor. Penso. A
janelinha do avião é janela pra minha alma, que vasteia sem medida quando nada
o rio abaixo, a correnteza me levando.
Quão extenso é o mundo, quão misturado,
quanta terra, quanto ar. Quanta imensidão de nada onde o tudo insiste em incomodar.
Quanta beleza há? Um outro rio é outro, é mais bonito, é mais laranja e
prateado agora, daqui, do céu da tarde que vai pra Brasília anoitecer. Penso
níssimo.
Como tudo pode ser tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno, frente ao
tamaninho enlouquecedor da minha muito filha? Será que Deus não vê que a fez do
tamanho do mundo? O sol agora me sorri. Ele já pode iluminar a minha filha.
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