O imperativo de colher


A sorte nos pede carona. Ela é órfã.
Ela não quer ficar ali, na estrada, na margem. Ela sabe da terceira margem como Guimarães Rosa.
E nós somos trem... Talvez deixemos ela embarcar.
Pois sabemos das nossas escolhas. Delas surgem nosso passado.

A mãe do passado se chama "Escolha".
O pai sou eu. 

Fecundo a escolha. Faço amor com ela muitas vezes. Mas, de vez em quando, só sexo. Sou meio avoado. Às vezes, desleixado. E ela é a parideira mais safada que existe. A mais fértil de todas. Vou enchendo meu trem-ninho de ovos. E sei que suas cascas vão romper um dia. Por isso não é má idéia adotar a sorte pra chocar os ovos que ainda estão por vir...

O problema da escolha é que ela realmente engravida. Ela é terra preta, rica de nutrientes, aerada, húmida, cheia de minhocas, humus-intellectus(?)
Devemos ser bons amantes das escolhas. Devemos ser amigos delas. Devemos lembrar dos seus aniversários, comprar presentes caros, ouvir suas súplicas, sentir seus suspiros, ouvir seus queixumes. As escolhas fazem biquinho...
Precisamos a qualquer custo saber de seus sonhos e o que as fará felizes conosco. As escolhas são pandoras, com seus vestidos curtos transparentes, com caixas prateadas e faixinhas no cabelo.

Cuidado com as escolhas... O espírito santo do deus linguagem nos sopra seu mistério, dando a pista: Eis! 
(E o resultado?) Colha. 
 

Comentários

Branca disse…
Chuva de selos rsrsrs
Se precisar de ajuda pra postar esses selos todos conte comigo, me adiciona no msn arerafel@hotmail.com

Interessante a metáfora da "Escolha". Como diz o ditado: O plantio é livre mas a colheita é obrigatória.

bjo amigo

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