NASCIMENTO
Quem nasce para a música sabe.
Desde cedo, fui nascido para a música. E foi amando aos poucos e cada vez de um modo diferente, que me descobri um amante ímpar. Talvez por isso, quando, ainda na década de noventa, fiz meu teste vocacional e deu: Músico, eu tenha escolhido seguir: Publicitário. (Ahn?)
É que não é uma escolha fácil seguir o que se ama...
Sabe por quê? Porque a magia meio que acaba.
Eu já ouvi um quilo de vezes:
"- você sabe, né?!?: a gente não casa com o grande amor de nossas vidas..."
Sinceramente? Acho que tem TOTAL relação com isso. É como a escolha por Ser Músico. Escolher ser músico implica em desmitificar o sonho, revelar o possível, descobrir o limite, encontrar a falta. Ou seja, a música passa a ser não mais o prazer puro e simples, o tesão incontido, o amor sem fronteiras. Ela se transforma em nossa frente e vira algo palpável, real, finito, limitado, questionável, imperfeito.
Mas o Grande Amor É perfeito. Por isso é muito perigoso casar-se com ele...
Entretanto, o mistério é tão grande que, vez em quando, surge um cavaleiro, um poeta, um sonhador, um trovador desavisado e insiste em deixar o coração bater. E quando o coração bate, é como o romper da semente, como encontrar o sol entrando pela janela nos pegando desprevenidos pelos pés, deitados por cima do cobre-leito!
Acontece o óbvio inesperado: o Nascimento.
Aí, a escolha não tem mais sentido. Não há nada o que escolher.
Há o ser, o que é, e pronto. Há o amor, há a música, há a paixão, há.
Dois, um, sons, suns, uns. E tudo.
Com Nelson Nascimento foi assim. Foi quando o Jazz chegou em sua vida. E ele não precisou escolher. Era. E quem o viu fazer 51 anos cheio de jazz, soube.
Ah, amigo Nelson... que o grande amor desembarque em minha vida assim como a música. Mas que eu não escolha fazer dele minha segunda opção...
Já é sofrido pra mim demais ter feito isso uma vez.
Comentários
Abraço!
ps.: Me lembrei das aulas no estúdio, praticamente particulares e muito bacanas.
Acertei em cheio levando Bohemian Rhapsody, pode falar, rs!