EU Acredito em Papai-Noel





Estou com saudades de um adesivo dos anos 80 que víamos nos carros dos saudosos do Musical Hair:

Eu acredito em duende!” – E uma ilustração muito feia de um duende modelo europeu, roupinha de Oktoberfest, suspensório, gorro verde. Só faltava o caneco de cerveja.

E você, acredita em quê?, ou, em quem?

Nos seus pais? Na fidelidade da sua esposa? Nos pensamentos puros do seu marido? Nas bruxas? Em dias melhores? Na paz mundial? Em Deus? Em você? E no Papai-Noel?

Meu professor de física, em 1992, citou um pensador – não me lembro o nome – que disse, ao ser perguntado se ele acreditava em Deus:

–“Se eu ‘acredito’ em Deus? Eu ‘sei’ Deus.”


Hoje, depois de caminhar 2.500km a pé, acredito, ou melhor, “sei” da dimensão do que ele me disse. Quando a fé vira certeza, é o grão de mostarda na palma da sua mão. Ele remove montanhas. O “Eis o mistério da fé” – o questionamento zen budista corriqueiro da igreja católica – indica o caminho para que possamos atravessar vendados o vale de dúvidas e incertezas que se encontra à frente de todo aquele que busca.

Posso dizer que vale buscar. Ouso dizer do outro lado, para onde atravessamos cegos, sem corrimão na certeza exclusiva do Nada.

O Nada é a barriga de Deus. Onde a gestação começa. No nada, brota. No nada, surge. No nada, cresce. Nonada, como bem disse Guimarães Rosa... É preciso que se saiba: escolha a semente certa. Porque Papai-Noel pode bem ser o velho, a sabedoria, o que traz presentes, novidades, prosperidade, boa nova. O vermelho sangue que representa vida, que não se sabe de onde vem, mas encanta as crianças, reparte o amor, molha a plantinha da esperança, faz florir em nossos corações. Eis o Papai Natal que sei.

Renascemos juntos a cada ano.

Existem vagas disponíveis no meu trenó.



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