Dedentropradentro

Na tela, o cursor pisca esperando a escolha da primeira letra, da primeira palavra, da primeira frase. Do tema, do assunto, do tom. Da construção semântica que dê sentido à próxima meia hora da vida. Nada que será lido por muitos, nada que fará sentido à existência outra que não minha, um lamento, um coro, um grito, um chute no balde, uma pista.
As palavras silenciam a beleza do nada.
Escrevo o que acredito, dou nó na minha expectativa, repenso um, outro, relembro delas. As faço renascer e mato-as em sequência. Lembranças. Guardadas em caixas no sótão da mente, onde tábuas rangem a cada passo. Meu medo é que não aguentem o peso. E que o estalar da madeira termine nas tábuas partidas, e eu venha a cair na luz do vazio que lambe as gretas da passarela onde ando.
Onde ando. Nhec.
Onde ando. Nhec.
...
Odiando, nheeeeeeeec. Crack. O-ou!


AH
AH
AH

AH



AH





ah








ah













ah




















ah

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