Melinha





Que se foram as festas de fim de ano.

Onde você estava? Onde eu estava? Onde estávamos nós, os nós da gente, os em nós? Tomei o rumo do ser tão. Vim pra dentro, rumei estrada a fora, em busca das coisas todas que nem sei. Vim fazer encontros e despedidas, fui percorrer a mesma distância que vou percorrer à pé esse ano, na peregrinação do coração. 

Originalmente, a distância seria a mesma de Belo Horizonte a Recife, mas São Francisco me chamou, São Thiago me chamou, São Jorge agora me chama, e tenho que dar um jeito, que jeito nisso eu dou. Foi um pouco complicado virar a página. É que, você sabe: dois mil e doze, um ano de cortar cebolas. De caminhadas internas e sonhos em que se está nu, em cima do palco. De ouvir relógio tiquetaqueando enquanto o coração tenta entrar no compasso. Um ano de sopro no coração. De ouvir o vento e atender seu chamado. De busca sem mapa, de chuva sem lona, de sonhos não dormidos. Dois mil e doze foi o ano que eu não casei. Ia ser dia quatro de fevereiro. De máscaras finalmente no chão e de fichas que caíram feito chuva fria, à luz do dia. Dois mil e doze. O ano da morte do último romântico. O ano do fim de um mundo. Imundo.

Um que me fez ser apaixonado por ele. Êta sonho, êta banho, êta rio que corre pra fora das casas. Acredite se quiser, eu já sei de dois mil e treze. Eu e o danadinho do Mia Couto, que tem um jeitinho parecido com o meu. Pelo menos, textualmente falando. Já não sei o que falar. 

Passei o réveillon com minha filha. No peito. Vimos os fogos, ela em meu colo da mente. Beatriz brinca menina na minha expectativa de pai. Cada vez mais próxima de aprender a ler. Meleia filha. Melinha por linha. Mepagina.

Agora bordo com tempo, com a linha do tempo, no pano da vida. Agora a agulha sou eu. As linhas são coisas todas que nem sei. E meus pontos, encontros. Ou, quem sabe, as despedidas, pra usar terminante a palavra "sempre". Feliz ano novo, nesse 2013.





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