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Qual Quer.

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Não quero ir, minha BeBê. Olhos, seus olhos, castanhos, amendoados, melados, devidamente adornados emoldurados em cílios perfeitos. Melo-me. Sou a busca por sua risada, sua compreensão, afeito afeto, desperto, eu qualquer. Um seu, um pedido, um perdido, uma súplica. Me ame mais, filha, porque preciso. Por favor. Você me faz acreditar na vida, me faz acreditar no mundo, me faz acreditar no ser humano, no Bom, no Bem, no Belo. Você, tão você, tão ubiquamente nada eu, melhorado, melhorada, em perfeita sincronia com o que tem que ser. Seja. Cereja. Já não zarpo, já não parto, partido há sete anos e meio, não mais me completo sem sua cabeleira ou sua delicada forma de ver e ser meu mundo. Sou um turista perdido dentro de mim mesmo. Sou alguém que quer ser melhor por sua causa. Sou quem quer salvar o mundo por sua causa sem ser herói. Seu cheiro, seu humor. Sua risada menina. Seu encanto é minha rede. Talvez até de proteção. Me salve, minha filha. Sou o erro mais obtuso q

Medo

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Heuje, caminhando para o mercado central, chorei duas vezes.  Não há medida para saudades. Minha incompetência aposta corrida com o desejo de mudança e vence a disputa. Sou um juiz forjado no tempo. Minha ganância moldada pela cultura católica, minha ira sufocada pela doçura de minha mãe, minha revolta domada por toda leitura.  A mansidão amainou a tempestade. Gelei-me. Não penso mais em zarpar, não mais em saltar, minha espada, embainhada, enferruja com o pranto dos momentos de solidão profundos. Colhi as velas no mar aberto. Me sentei no calado do barco, no calado da vida, nu, calado Davi. A soma dos pesos não permite balanças. Quando distar-me terei ido. Findo, derrotado e re-partido. As chagas do berço dóem cicatrizes húmidas. Os queijos caros e premiados que comprei no mercado central tem fungos invisíveis.

Como com viver sem.

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não canso de me querer escrever iletrado, tenho colecionado silêncios em mim, de finições e recomeços, ex-cutas zelo substantivo, zelo verbo:  a etimo-elegia do ciúme pedra fito, zentimento,  o eusquecer universamente o cheiro da minha filha  é mesmo o tsunami do Cosmos. 

Travessias do Tradizível: João Guimarães Rosa e Juraci Dórea

--> REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, S. T. de. Sto. Tomás de Aquino - Vida e Obra. Tradução Luiz João Baraúna. São Paulo: Edipro - Editora Nova Cultural, 1996. BARTHES, R. Elementos de Semiologia. São Paulo: Cultrix, 2003. ___________. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2002. BITTENCOURT, R. L. de F. E SCHMIDT, R. T. Fazeres Indisciplinados: Estudos de Literatura Comparada. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2013. BIZZARRI, E. João Guimarães Rosa: correspondência com seu tradutor italiano. 2. ed.; São Paulo: T. A. Queiroz: Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro,1980. BOLTER, J. D. e GRUSIN, R. Remediation – understanding new media. Estados Unidos: MIT Press, 2000. BRAGA, J. L. Mediatização Como Processo Interacional de Referência. Artigo publicado na XV COMPOS, GT Comunicação e Sociabilidade, 2006. CAMPBELL, J. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athena, 1990. CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Unesp,1999. COMPAGNON, A. O demônio da te

Para o Mestre dos Mestres.

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Vai ser difícil reunir tanta gente interessante assim numa foto. Mas só quero falar do que está de óculos e camisa branca. Sim, à sua direita. Se você não conheceu esse cara, e não sabe de quem estou falando, sinto muito. Sinto muito mesmo. Paulinho - Paulo Cesar Coelho Ferreira é uma lenda. E como lenda, não morre, encanta. Esse filho-da-puta-muito-grande me deixou aqui com essa página em branco.  Aliás, é o que ele mais fazia. Nelsinho, na outra ponta da mesa, pode comprovar. Não tinha uma reunião ou encontro sequer que ele não me deixasse com uma página em branco. Ele queria que eu me escrevesse, a todo custo.  Pra você que chegou agora, vou tentar resumir: esse cara é um gênio que tinha um rim que não funcionava. Daí teve câncer no rim. No bom. Então, o rim que não funcionava passou lentamente a funcionar só pra salvar o cara, porque ele tinha muito o que fazer aqui. Muito a ensinar, muito a apreender. Pastor contemporâneo, arrebanhava ideias, pessoas, proj

Casam, hoje, Biba e Dedé.

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* Para ler esse texto, aperte o play da música abaixo: Quando Amor, a gente empresta a música que é só nossa. Porque falar de amor para a irmã da gente tem um sabor todo especial. A vida me deu a Biba. Ato falho contínuo, me refiro a Beatriz, minha filha, como Gabriela, volta e meia. É assim: eu tentando aprender a ser irmão de verdade, o que sempre quis ser e não consegui. Amo minha irmã acima das nuvens. Quando pequeno, eu fazia ludoterapia para tentar entender meu desentendimento do mundo. Nunca consegui abrir a braguilha da barriga da boneca grávida que tinha no consultório. Eu tinha medo do que viria pela frente. Eu tinha razão. Mesmo não tendo aberto, minha irmã saiu, não da braguilha da boneca, mas da barriga da minha mãe. Lembro-me como se fosse hoje: eu, no meio da sala da casa da minha avó, os tios e a primaiada em volta, e um trenzinho do mickey rodando meio sem graça na minha frente, que me deram de prêmio de consolação pela chegada da minha irmã e o

Oponente

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Sou um difícil oponente. Cruel, sem medida. Luto comigo mesmo e perco ganho, intempéries. Aos nove anos comecei a fazer Karate, sem saber que de mãos vazias é possível dominar o mundo. O cumprimento, a saudação, o grito de guerra, o pedido de desculpas, o agradecimento, tudo se resume ao "OSS". Há quem diga que a fonética comandaria a grafia em português, que deveria ser escrito assim: "OSU". Eu, "Berunarudo", me encontro sempre na linha do dojo, no limite do tatame, sentado em seiza , em estado de contemplação. A guerra comigo mesmo já é sinal de derrota. Do outro lado, eu, também sentado, fito-me, em silêncio interno. Meu coração já não bate sincopado com meu outro eu. Fico-me. Quando caminhei comigo, pedi perdão tantas vezes, chorei, arguí, respondi, calei. Parti pra briga, me machucamos. As cicatrizes talvez tenham sido mais profundas do que eu pensávamos. Meu eu dicotômico não é dicotômico. Eule não sou mau. Eleu não sou bom. Sou, só, e ponto.