Postagens

Olhe dentro do armário quando for dormir

Imagem
Posso falar sobre a solidão? Sólida ida, hão de dizer, para sem-pre-ferida instalada na alma da gente. A gente sente. Que há outro. Couro. Canto. Choro. Meu couro curtido não curte. Terra batida não mente. O sol seca o caminho por onde passo. É quente o solo, é quente eu solo. Solo que trinco nas beiradas do ser, no encontro com o outro. A água escorre entre nós sem que saibamos molhar-nos-nus, revestidos da chita da ingênua incompreensão. Meu pensamento é uma cortina de fuxico. Não sei se abro. Não sei, se abre. Há um pedaço de mim no mundo que cresce sem que eu estrague. Há um vazio no mim profundo que eu sem medida-de-ser. Há um jeito de olhar no caminho que diz: pais agem. Ficar parado nunca foi fazer nada. Ouço passar, todos os dias, os passos que a levaram para de mim distante, para sempre. E o berço vazio grita na noite sem bicho-pai-pão.

O estribilho do amor

Imagem
Já comentei aqui sobre o diálogo de Jodie Foster e Matthew McConaughey (putz, conferi 3 vezes o nome desse famigerado pra escrever aqui no blog - imagino ele aprendendo a escrever o nome na escola, tadinho). Ele, reverendo. Ela, cientista. O embate entre ciência e religião posto à mesa. Zapeando, depois de suspirar com a Sharapova, caio justamente na cena que já vi várias vezes: Festa, filme Contato, ele diz: - Não imagino viver num mundo sem Deus. Ela: - eu preciso de provas Ele: - provas? você ama seu pai? Ela: - sim, muito . Ele: - prove . É assim. Amor não se prova. Deus se prova. Tem gosto de amor. Amor se prova. Tem o tempero de Deus. No filme, dentro da máquina espaço temporal em que faz a viagem extra terrestre, ela finalmente encontra galáxias, vislumbra o espaço, toda a criação, o uni-verso palavra de Deus, prova o sabor de saber além da crença, e diz: - deviam tem mandado um poeta! eu não tinha ideia!... Não, ninguém tem. Porque não passa pela ideia, pela

One for two

Imagem
Osso esse ofício de agradar, eu disse a ela em uma de nossas conversas. Difícil "ter que". Se superar a todo instante, difícil esperar, difícil querer, difícil escolher, dofícil amar. Quando Pessoa anuncia, meu dia amanhece. Fiz um Haikai pra Laura Barreto, a amante dona do blog Ócio do Ofício : Haikai para Laura Na lua da Laura respiro. Eu dizia desse jeito de ser meio alegrefusivo, que no meu caso, muitas vezes, vem com aquele dizer: -– - Suas balas não me atingem! Meu humor é como uma couraça de aço! Mas essa é uma história compriiiiida, que não vem ao caso aqui... Conheci Laura - ela não sabe - por "indicação".  A melhor amiga de uma paquerada no Verde Mar me mandou o  link  ( "Vai sair hoje? Não, vou pro Verde Mar!" ), por ter achado divertido ter acontecido comigo e com a amiga dela algo semelhante ao que Laura divertidamente anuncia em seu blog. De outra vez, ela usou uma foto minha em um post dela. E eu não a conhecia, já

Sobre a maravilhosa propriedade farmacológica do picolé de milho verde

Imagem
Ingredientes: Água. Do mar. De todo o oceano. Com seus peixes, arraias, tartarugas marinhas, golfinhos, monstros do mar. Com suas tormentas e sua calmaria. Com um novo dia. Com lua brotando molhada, riscando de luz nossa estrada líquida, nítida, mística, cíclica. Açúcar. Doce do mel das mãos de minha avó. Suas unhas vermelhas que confeitavam o bolo. Olhar de bala puxa-puxa. Maçã espetada no palito esperando do lado do fogão pra caramelada-se-ar. Um pouco de amar. Polpa do seu bumbum durinho de menina, cheirinho de neném de fraldinha, me um-milho verde, cru, pai de primeira viagem. Vi. Agem. Também ajo. Parar e esperar é diferente de não fazer nada. Acho. Ajo. Gordura vegetal, êita que a natureza tá precisando de um regime. Nem sabia que vegetal tava gordinho. Leite em pó das tardes de menino, misturado com Nescau pra jogar seco na boca e fazer confusão, quando via desenho sentado no puf. Pluft, o Fantasminha. Onde tudo começou. Já tinha vocação pra Tio Gerúndio... Xarope de glicos

Wagner Moura, Claudio Manoel e os bonobos

Imagem
Na página 48 da Revista Alfa desse mês, que tem Wagner Moura na capa, uma matéria de Claudio Manoel me chama a atenção ontem, quando li. "Everybody macacada" foi o título escolhido. Ilustrando o artigo, uma foto (melhor do que essa que achei na internet) dos macacos bonobos que, quando correm perigo, sua estratégia de defesa é: ficarem abraçados. Segundo Claudio Manoel, "só dá pra ser bondoso na paz e na fartura. No resto do tempo, bom é ter testosterona e saber lutar." Eis o que defende o colunista, nas poucas palavras a que tem direito no seu espaço de uma página. Entendo o que quer dizer, ou melhor, entendo o porquê de ter dito isso. Mas optei por pensar diferente. E fazer disso bandeira. E de ontem pra hoje, sonhei com minha filha. No sonho, ela ria pra mim, me abraçava, brincávamos juntos, conversávamos. Ela, com um ano e seis meses. Ao final do sonho, minha filha me trazia uma banana... Acordei feliz. Quero crer que Mahatma Gandhi não concord

Haikai da vontade de correr

Imagem
A lua. Ah, lua. Não faz isso comigo.

Vai uma Dica

Imagem
Acho que muito pai, muito filho e muita mãe deveria conhecer os belos textos desse poeta sonhador que, sábio, é sabiá. http://vanderleitimoteo.wordpress.com/2012/08/26/esquinas-e-janelas/