Posso começar com um beijo. Ou um sonho. Ou uma noite escura de junho, ou mesmo com um amigo fiel que esconde a mentira, não diz a verdade, se envergonha com o fato de ser assim, ou assado, enfim, posso começar até com a história do Duque, meu collie vermelho marchador. Junho. Era junho, próximo à metade do mês e o frio não gelava os ossos, não esquentava com a coberta e nem mesmo aproximava as pessoas ou deixava todo mundo mais chique, como minha mãe gostava de dizer. Todos poderiam vestir marrom, preto, longos vestidos, longas horas, mas simplesmente escolhiam deixar viver, deixar passar, deixar sofrer, deixar, apenas. É. Melhor eu começar com o Duque, mesmo. Menos dramático. O Duque era um cachorro muito elegante, aliás. Quando havia festas em minha casa, saraus, aniversários, jantares, encontros e desencontros, o Duque sempre demonstrou ser o elegante que era. Ele tinha uma história de afinidade com o bairro, com as crianças da rua, com o muro de pedras cinzas que ficava na parte d...