Não sei se o nome da Érica se escreve assim. Aliás, não a conheço. Não há conheço, melhor dizendo. Fui hoje apresentado a ela em um restaurante. Érica quer que eu diga da minha corrida, do meu passo, eu passo, eu viajo, eu Caminho. Posso falar pra ela das asas nos pés, do vento no rosto, do cheiro da rua, do trote ininterrupto da massa que me empurrava, corrente humana, torrente humana, eu peixe nas águas dos homens e mulheres da Maratona de Paris. Érica, eu não sei mentir. Eu chorei no Km 5, já. No 17, no 26, no 35, onde não mais havia número, nem expectativa. Onde só há via. Entende, Érica? Ou compreende? Senti quando meus pés soltaram o asfalto e naveguei livre no ar, no sentimento de dor e exaltação exacerbados. Senti que era. Fera. Sentidos agudos aguçados pelos desejos pulsantes, passantes, pé pé pé. Trote. Tá, tem a paisagem, tem Paris, tem arco, tem torre, tem rio, tem museu. Desculpe, mas eu preciso dizer que pra mim eu fui maior que isso. Tudo. Desculpe mas eu preciso dizer ...