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Ondas do mar, do há mar do meu pai

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Pai, olho do mar de mim. Atravesso. Escuto o barulho das ondas. Sei do abraço, sei do laço, sei do querer. Foi me dada a faculdade de ver. O vento balanceia meus cabelos. Meu olhar é lânguido assim, sou assim, pai. Essa sou eu. Atrás do vidro, atrás da rede de proteção, atrás da grade, atrás do seu olhar estou. Você vai chegar pelo mar? Da barriga da mamãe eu escutava você cantar. Quando chega a noite, procuro a estrelinha da música, a que você vai trazer pra mim quando eu crescer e você comprar um avião. Você vem, afinal, de avião ou barco, papai? É você ali, correndo na areia? Onde você está agora? Trabalhando? Pensando em mim? Sentado no box? Querendo um abraço? Há mar dentro de ti, pai. Posso sentir. Há mar dentro de mim, posso sentir. Por isso que quando a gente chora de saudade, nossa lágrima é salgada. É um pouquinho do há mar que transborda, em ondas que ouço, barulho das ondas revoltas, há mar, nós dois. O vento atiça as ondas do seu peito, pai. Daqui lhe vejo. Daqui

Vamos ventar juntos?

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V ente. Este é o título do meu livro 2, que já está na gráfica. Hoje, pela manhã, a terceira revisão foi feita, pela Trema, que tem nas mãos a prova da gráfica, e aprovada pela Designlândia. Vamos rodar! Dia 01 de novembro de 2012, o lançamento no lindo  Memorial Minas Gerais Vale , na Praça da Liberdade, que faz parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade (conheça!!!). O horário eu conto depois. Encomendei 1.000 cópias iniciais. E fico feliz de ter recebido um email da Karina Militão, do Novo Céu , aceitando gentilmente a parceria que propus, em nome da Beatriz, Dudu e Clara. O valor das primeiras 500 cópias vendidas do livro serão revertidas integralmente ao Projeto Assistencial Novo Céu . Poderia fazer assim: 50% pro Novo Céu, e 50% para os custos. Mas dessa forma, destinando 100% do valor das primeiras 500 unidades, temos mais chance de realizar essa ajuda da Beatriz, do Dudu e da Clara. Pelos cálculos, o livro teve um custo unitário de R$ 12,50 reais a unidade.

#brotoquesou

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foto* Árvore ceifada na copa. É tronco. Perde suas folhas, perde seus galhos, perde seu viço. Dá broto. Cadê o balanço que estava aqui? Cadê a sombra, cadê o vento, cadê as folhas que caem mansas? Cadê o ninho, cadê forquilha, cadê os líquens, cadê o musgo, cadê gato? Árvore ceifada na copa é tronco. Dá broto. O tronco que bóia na água é balsa. Abarca. Pensamentos que correm molhados nas margens de mim. Eu rio, eu tronco, eu árvore ceifado na copa. Broteu. Nasce broto, meu plexo solar. Rompe pendão, meu dedo de viver. Raízes se espalham em mim, capilares que envolvem meu coração. Cresce pendão,  meu dedo de viver. Deus me aponta, sou tronco quase seco de um broto só. Floresta desejo, gramíneas vicejo, orquídeas dependuradas nas minhas esquinas. Brota, na grota, o profundo do ser. É lodo molhado, caverna pingando, ecoo lamento, eu sinto muito. No dedo que tenta, a seiva do amor não desiste, em si. Insiste? * na foto acima, o bonsai de Beatriz, comprado lo

Olhe dentro do armário quando for dormir

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Posso falar sobre a solidão? Sólida ida, hão de dizer, para sem-pre-ferida instalada na alma da gente. A gente sente. Que há outro. Couro. Canto. Choro. Meu couro curtido não curte. Terra batida não mente. O sol seca o caminho por onde passo. É quente o solo, é quente eu solo. Solo que trinco nas beiradas do ser, no encontro com o outro. A água escorre entre nós sem que saibamos molhar-nos-nus, revestidos da chita da ingênua incompreensão. Meu pensamento é uma cortina de fuxico. Não sei se abro. Não sei, se abre. Há um pedaço de mim no mundo que cresce sem que eu estrague. Há um vazio no mim profundo que eu sem medida-de-ser. Há um jeito de olhar no caminho que diz: pais agem. Ficar parado nunca foi fazer nada. Ouço passar, todos os dias, os passos que a levaram para de mim distante, para sempre. E o berço vazio grita na noite sem bicho-pai-pão.

O estribilho do amor

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Já comentei aqui sobre o diálogo de Jodie Foster e Matthew McConaughey (putz, conferi 3 vezes o nome desse famigerado pra escrever aqui no blog - imagino ele aprendendo a escrever o nome na escola, tadinho). Ele, reverendo. Ela, cientista. O embate entre ciência e religião posto à mesa. Zapeando, depois de suspirar com a Sharapova, caio justamente na cena que já vi várias vezes: Festa, filme Contato, ele diz: - Não imagino viver num mundo sem Deus. Ela: - eu preciso de provas Ele: - provas? você ama seu pai? Ela: - sim, muito . Ele: - prove . É assim. Amor não se prova. Deus se prova. Tem gosto de amor. Amor se prova. Tem o tempero de Deus. No filme, dentro da máquina espaço temporal em que faz a viagem extra terrestre, ela finalmente encontra galáxias, vislumbra o espaço, toda a criação, o uni-verso palavra de Deus, prova o sabor de saber além da crença, e diz: - deviam tem mandado um poeta! eu não tinha ideia!... Não, ninguém tem. Porque não passa pela ideia, pela

One for two

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Osso esse ofício de agradar, eu disse a ela em uma de nossas conversas. Difícil "ter que". Se superar a todo instante, difícil esperar, difícil querer, difícil escolher, dofícil amar. Quando Pessoa anuncia, meu dia amanhece. Fiz um Haikai pra Laura Barreto, a amante dona do blog Ócio do Ofício : Haikai para Laura Na lua da Laura respiro. Eu dizia desse jeito de ser meio alegrefusivo, que no meu caso, muitas vezes, vem com aquele dizer: -– - Suas balas não me atingem! Meu humor é como uma couraça de aço! Mas essa é uma história compriiiiida, que não vem ao caso aqui... Conheci Laura - ela não sabe - por "indicação".  A melhor amiga de uma paquerada no Verde Mar me mandou o  link  ( "Vai sair hoje? Não, vou pro Verde Mar!" ), por ter achado divertido ter acontecido comigo e com a amiga dela algo semelhante ao que Laura divertidamente anuncia em seu blog. De outra vez, ela usou uma foto minha em um post dela. E eu não a conhecia, já

Sobre a maravilhosa propriedade farmacológica do picolé de milho verde

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Ingredientes: Água. Do mar. De todo o oceano. Com seus peixes, arraias, tartarugas marinhas, golfinhos, monstros do mar. Com suas tormentas e sua calmaria. Com um novo dia. Com lua brotando molhada, riscando de luz nossa estrada líquida, nítida, mística, cíclica. Açúcar. Doce do mel das mãos de minha avó. Suas unhas vermelhas que confeitavam o bolo. Olhar de bala puxa-puxa. Maçã espetada no palito esperando do lado do fogão pra caramelada-se-ar. Um pouco de amar. Polpa do seu bumbum durinho de menina, cheirinho de neném de fraldinha, me um-milho verde, cru, pai de primeira viagem. Vi. Agem. Também ajo. Parar e esperar é diferente de não fazer nada. Acho. Ajo. Gordura vegetal, êita que a natureza tá precisando de um regime. Nem sabia que vegetal tava gordinho. Leite em pó das tardes de menino, misturado com Nescau pra jogar seco na boca e fazer confusão, quando via desenho sentado no puf. Pluft, o Fantasminha. Onde tudo começou. Já tinha vocação pra Tio Gerúndio... Xarope de glicos