Ondas do mar, do há mar do meu pai
Pai, olho do mar de mim. Atravesso. Escuto o barulho das ondas. Sei do abraço, sei do laço, sei do querer. Foi me dada a faculdade de ver. O vento balanceia meus cabelos. Meu olhar é lânguido assim, sou assim, pai. Essa sou eu. Atrás do vidro, atrás da rede de proteção, atrás da grade, atrás do seu olhar estou. Você vai chegar pelo mar? Da barriga da mamãe eu escutava você cantar. Quando chega a noite, procuro a estrelinha da música, a que você vai trazer pra mim quando eu crescer e você comprar um avião. Você vem, afinal, de avião ou barco, papai? É você ali, correndo na areia? Onde você está agora? Trabalhando? Pensando em mim? Sentado no box? Querendo um abraço? Há mar dentro de ti, pai. Posso sentir. Há mar dentro de mim, posso sentir. Por isso que quando a gente chora de saudade, nossa lágrima é salgada. É um pouquinho do há mar que transborda, em ondas que ouço, barulho das ondas revoltas, há mar, nós dois. O vento atiça as ondas do seu peito, pai. Daqui lhe vejo. Daqui