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Tempero pro fim de ano

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As festas de fim de ano estão na área. Se derrubar é penalty. Já está tudo o olho da cara. Das viagens, das passagens aéreas às estadias, tudo um horror. Os brasileiros descobriram o valor que damos às festas de fim de ano e o turismo abusa. Abusa muito. O valor triplica no final de ano e há jacu que pague. O Brasil vai mal, obrigado. Aliás, não é obrigado, é só se a gente deixar. Mas a gente deixa. É mais caro ir visitar minha filha em Recife do que ir pra Miami. É mais caro ir pra Manaus do que pra Lisboa. Mais caro ir pro nordeste do que pro Caribe. E assim o Brasil quer que o Turismo gere riqueza. Fui 7 vezes a Europa e não conheço Pipa. Fato é que damos muito valor para o reveillon, por exemplo, e não há essa comoção toda mundial pela passagem do ano. Já passei reveillon em Paris, na Torre Eiffel. Nem de longe emociona como Copacabana. Pra mim, uma verdade inquestionável: as companhias fazem a alegria (não as aéreas). Independentemente de estar em Mateus Leme, Goiânia, Barcelon

As ondas fazem carinho na areia do tempo

Há quem espere sentado, há quem espere em pé. Há quem desista de esperar. Há quem medite a espera e quem espere meditando. – És père. Enunciado de há mar.

Storm

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Resolvi tomar banho. Mas não foi um banho assim compromisso, um banho assim o que eu vou fazer depois, um banho assim que roupa que eu vou usar quando eu sair daqui, um banho assim o que é que eu faço com relação a x, y ou z. Foi um banho banho. Daí, peguei a vela, coloquei na lanterna marroquina, acendi, ascendi, desliguei a luz, desliguei o ego, liguei o ipod no mantra de renascimento que ganhei de um amigo mestre e fui ter com a água a certeza do encontro. Lá, no breu clarividente da mente silenciosa, que escorria perdão e pequeninas sujeirinhas do dia-a-dia, limpei-me. De olhos fechados, pude ver o cheiro do sabonete, o molhado da água, o quente que me envolvia acalanto, embalando meu desejo de renovação. Tudo foi embora. Nada ficou. Nada ficou limpo, límpido, nítido, brilhante. Alegria efusiva. Estava acompanhado do bem que me quer bem. Decidi lavar seus cabelos. Seu corpo, seu jeito, seu sem jeito. Nos lavamos, lafomos e, ao final, chegamos-nus

O dia em que morri

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Morri hoje, pela manhã. Sem que esperasse, sem que soubesse,  sem dar notícia,  sem palco, sem terno, sem lastro,  sem medo, sem tudo,  morri. Fui hoje noite, de dia. Amanheci, tomei café e fui morrer logo cedo. Morri feliz. Não tinha flor, não tinha odor e nem platéia. Não tinha médico, não tinha cético, não havia crente. Me fiz semente, morri somente. Morri. Me fiz maior, mor,  ri de mim mesmo. Foi num átimo, préstimo, servi pra algo: morri. Morri eu, comigo, mesmamente, morto completamente em vida. Morte. Quando vi VIDA e MORTE juntas pela primeira vez eu li: vidAMORte. Ciclo tímico, tácito,  me vi pétala em sua mão. Minha filha flor e eu arrancada vida em sua palma com um simples gesto de amor: – Te amo, papai! E eu, nada, escorri.  Esvaí-me sentidos todos, múltiplos, numa morte linda e pura e louca e intensa e imensa. Nudação. E renasci pelado pai, sorriso só, 

Gente em volta

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   foto: abril de 2010 O momento da solidão. Quem disse que é preciso de gente à sua volta o tempo todo? – instiga em tom de desafio. Em mundo pautado por Facebook, solidão tem outra dimensão, cara amiga. Eis o que penso. Cabe um exercício... Me faz lembrar que há tempos, uma outra amiga, à época com seus 45 anos, filhos de 23 e 21 anos, teve o susto de ser surpreendida com um “pedido” de separação. O ano havia sido difícil e resultou num natal e reveillon inesperado: uma viagem sozinha para Londres. – Vai ser bom pra eu colocar os pensamentos no lugar, colocar meus valores na balança, repensar minha vida, sabe? Foi ótimo eu ter decidido viajar. Dizia ela. Claro, a conhecendo bem como eu conhecia, estava esperando que completasse o que ainda faltava dizer, mesmo que o discurso estivesse coerente... Na verdade, estava em pânico. Se esta era a fala que tinha treinado pra tranquilizar os amigos próximos, os muito próximos sabiam que ela estava aterrorizada com a ideia de fi

Lis tras

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Faz tempo. Faz semente. Faz vento. Faço. Entrelaço aço no meu jeito, pai, topai, que sei o que faço. Venha. Traga-me a senha. Busque-me sentido. Sinta-me zunido estranho em seu ouvido. Ente. Sou este. Incomoda o fato. Ato. Relato. To, e movo. Para sempre novo, novo de sentidos seus. Renda-se. Rende-se conforme a trama do que alinhavamos, vamos, amo, somos mais que a linha, nunca és só minha, sominha de uma matemáticazinha sem sentido prático. Loga ritmo. E dança. Eu, que sou cheio de nós, serpentome minhas escamas, noite, dia, antes asfalto duro, manta de minha neoexistência. Lembre-se, filha, do Amor e do em lá se. E que eu sou, indubitavelmente, recheio na palavra seus.

O Durex de Deus

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Não foi à toa que Lulu das Ilhas me deu um cata-vento de presente. No dia do lançamento do livro V ENTE , meu segundo livro publicado, ela trouxe esse cata-vento da Ilha de Florianópolis pra mim, regalo simbólico, mágico, místico, lindo. Pois bem: no dia mesmo, quebrou uma pá. A azul (sintomaticamente). Na volta, depois de ventar comigo no lançamento, com o apoio de quase trezentas pessoas que lá foram prestigiar o Novo Céu , a instituição apoiada pelo lançamento do livro e este autor aqui, que vos tecla. A vida tem disso. Muitas pás se quebram assim, pelo excesso de energia. Até de amor. Acontece que coloquei o cata-vento do lado do computador, na mesa do meu escritório e ele nunca mais tinha ventado. Ou, melhor dizendo, nunca mais tinha catado vento algum. Com a pá quebrada, estava aqui pra que eu o visse todos os dias e 1– servisse de inspiração, por ter sido dado com tanto carinho por uma amiga muito especial, uma referência de ser humano muito ligada às Virtudes maiore