Quantas vidas tem o Batman?
Estou cansado de chorar. E não estou nem aí em confessar minha humanidade. Ouvir a chamada do jornal, que o ator Christian Bale visitou as vítimas da tragédia nos Estados Unidos me chacoalhou por dentro. Eu, que sempre fui o Batman, me encontro menino, sozinho, no cinema, no limite, na fronteira entre a realidade e o sonho, entregue na cena absurda, quando vejo um vilão da vida real quebrar todo o pacto sensível para matar. Para me matar. Ele não matou só quem morreu. Ele mata o sonho de todos que ali estavam. Ele mata o sonho de todas as famílias dos que ali estavam. Ele mata o sonho de quem ainda acredita no sonho. Se Batman pudesse, iria atras dele. Mas ele está do outro lado da fronteira. Na ordem do sonho. E Batman, então, morre. Foi morto por James Eames Holmes, junto com todos os Superamigos. Vejo-o ajoelhado na tela, inseguro, atingido, chorando também, em uma tristeza profunda, não por estar morrendo alvejado por balas da vida real, mas por não poder transpor o limite