A Trindade do Amor
Quatro de junho de dois mil e doze, hora da lua cheia. Beatriz olha para o MacBook ligado ao Skype, aponta num sorriso e diz, reconhecendo: – Papai! ... Seus dentinhos aparecem na palavra papai. A palavra papai termina num sorriso. A palavra papai sou eu, sou eu quem aparece no MacBook, sou eu quem desaparece no MacBook. Sou eu a 2.200km de distância dentro, nada mais perto, tudo mais pele, nada mais suor, saliva e lágrima. Água. Nosso líquido oceano particular. Há mar, Beatriz. Senti a mesma coisa duas vezes. No momento em que cheguei e avistei a Catedral em Santiago de Compostela. No momento em que vi Beatriz pela primeira vez, no ultra-som. Um pontinho pulsante, um coração batendo, uma palavra, nada mais do que isso. Apontei para a tela do computador de dentro de mim no consultório num sorriso e disse, reconhecendo: – Filha! Foi como assim. De lados opostos mesmos nos apontamos. O tempo e seu hiato misterioso, ligado por um fio invisível de prata, uniu meu coraç