Postagens

Katana

Imagem
Olho no relógio e os números se repetem. Olho pra dentro e você se repete. Não encontro conforto no olhar da minha mãe, não encontro acalento no abraço da amiga, no braço do pai, na palavra medida, no suspiro da irmã. O mundo testa a gente. O caminho tem lama, tem trama, tem drama, tem brahma. Excessos que desmedem quem sou, até onde vou, até onde voo. Lhememisturo. Sememisturo. Desmefaço. Desencontro. O tempo passa. Minha filha cresce. O dente que me obrigaram a não ver nascendo, nasce. Em pé como não pude ajudar a levantar, fica. Sua chuquinha que eu não pude pentear, vira franja. Seu choro que não pude trasformar em riso, sufoca o peito partido. Sentido. Estufa o peito. O casamento se foi, a paixão se foi, o amor se foi, a amizade se foi, a infância se vai, o projeto de vida, a casa, a ferida... Quando a infância finalmente se for, a leitura vai chegar. Com ela a cultura, a análise, outra ferida. A escolha. O mar tem seus dias de ressaca. Na noite vazia, reflete a lua qu

Adam, Cronos e Kairós

Imagem
Adam, do Peru, conheceu Eve, da Argentina, há aproximadamente 30 anos. Por cartas. Tudo bem, ele não se chama Adam, não é do Peru e ela não é da Argentina e nem se chama Eve. Whatever. A história é real. Durante 4 anos se corresponderam. Ele e Ela nunca se encontraram. Aos 17 Ele pediu Ela em casamento. Por cartas. Claro, o mundo era menos globalizado, as distâncias eram distâncias. Uma cidade do interior de minas não era exatamente na rota dos aviões que saiam da américa latina. Ele nunca a conheceu. Ela nunca o encontrou. Fisicamente falando. Será que casou? Será que é feliz? Será que ainda tem suas cartas? Ele guarda sua foto, a foto de sua família, as fotos de 30 anos atrás. As mais de 50 cartas... Pergunto: Mas você não tem interesse em finalmente encontrar com ela? Saber como vive, quem é, como está? Nunca procurou por ela no Facebook? Afinal, o mundo agora é tão pequeno... Não, disse ele. Quero guardar a lembrança dela, a da moça de 17 anos. ... Imagino Ela, etern

de Cachos

Imagem
A sombra que vê, esconde a beleza de ser. Como se configura, como se inscreve, como loucura? Minha filha faz sombra no mundo, esconde a areia do sol, em meu peito anzol, faz sutura. Beatriz se mistura. Sei onde foram morar os meus cachos, já sei onde se encontra o meu sono, eu sei dos meus sonhos agora, tem água lá fora, corre que o boi já vem. Eu sei do meu neném. Por um triz já menina, me ensina a esperar novamente: Beatriz se gesta no mundo... Um dia nasce em meu colo, eu solo, espero. Terra fértil, úmido de amor. - Yemanjá, toma conta da Borboletinha do Mar. Eu sem sonhar, durmo pra vida girar. Tempo que a areia quis em mim, tempo, o barco navega afim, tempo, o tempo é molho do há mar. É tempo de m'olhar. Lambeatriz, Onda, há mar. Bebeatriz, Sol, há mar. Sobeatriz, Vida, há mar de amor, o mór que sou. In finito.

Sobre os benefícios espetaculares dos bioflavonóides, ou quase isso.

Imagem
Em vez de falar sobre o dia de chuva, sobre como a chuva caia na areia da pista de montaria do restaurante de comida mineira que serve as pessoas que pra lá vão produzidas, fingindo estar casuais, em vez de dizer o porquê deu insistir em ir lá comer torresmo, mexido, ovo frito e couve, em vez de dizer que acredito nas palavras da dona do estabelecimento que me chama de querido toda vez que vou lá, porque me conhece, porque vou lá sozinho, porque acho que ela deve imaginar porque vou lá sozinho, porque eu tenho um carinho especial por ela e pelo projeto dela, independentemente de ser um projeto pseudo-elitista, porque me parece sinceramente verdadeiro, em vez de dizer o gosto que tenho quando lá compareço a independer da companhia ou não que eu esteja, a independer da frequência ou do hábito, independentemente da qualidade da feijoada que lá é servida e, em vez de falar dela resolver falar de outra coisa, em vez dela e em vez da criança que chegou no carrinho e que fingi por um momen

Detesto quando me matam

Imagem
Quiseraeupoderfazerouvir. Quemderaeuquelessemoqueescrevi. Puderanósestarmossempreaqui. Nodoceolharaondemeapreendi. Coisa mais triste é velório de gente viva. 

Em bora.

Imagem
Quando se história de amor, caso. Caso contado, caso casado, caso calado pra quem quer de fato ouvir. Quando se história de amor, caso. Caso contente, caso pingente, um caso claro de casaragente. Casei com os olhos, o sorriso, o cheiro erótico perturbamente. Cá, sei com os olhos, sei de ouvir por trás da boca, sei o que chacoalha a alma. Sei o que me acalma, o que me aquece e desestrutura. Um caso clássico de casamentura. Esse pau duro de cortar os pulsos, essa nudez que inocenta a gente, o caso curo, mesmo delinquente. Quando se história de amor, eu caos. Eu caso caos, eu desmelinguotodo. Eu mais que engodo, eu já refeito em ti. Eu mesmo jeito, eu nunca estreito atrapalho. Eu ducaralho, eu superfeliz. Eu quando caso, amor se história quando. Eu quando caso, amor se historiandando. Eu quando caso de amorsefondo, me findo todo pra me revestir. Revisto tudo, revista toda, revista óculos, quero a partir. Se Quando amor, eu me traduzo mundo, quer

cold play

Imagem
Ouço The Scientist . Morro um pouco nas notas singelas do coldplay. Por sorte minha, liguei a televisão quando o Roberto Carlos estava no finalzinho da música de final de ano da Globo. Se não, o choro poderia ter sido catastrófico. Em épocas quando se chora até vendo o Louro José (literalmente, não estou de sacanagem), não é aconselhado ver todo mundo lindo, vestido de branco, cantando de mãos dadas com o mundo lindo e maravilhoso hiperrealista da Globo. Aposto que alguém ali estava com uma cueca furada. Ou pelo menos com uma meia furada. Uma frieira. Uma meleca no nariz. Sim, a vida tem meleca no nariz. Me lembro de um diálogo interessantíssimo do Jack Nicholson com aquela bonitinha loira e o amiguinho gay viajando de carro. Dá vontade de abraçar a loirinha e o amiguinho gay. Mas o Jack Nicholson é quem tem razão. Ele é o real. Ele é quem diz pra gente que por mais que a gente queira encontrar o furo na cueca do outro, o furo está é na cueca da gente mesmo. No body said it w