Katana
Olho no relógio e os números se repetem. Olho pra dentro e você se repete. Não encontro conforto no olhar da minha mãe, não encontro acalento no abraço da amiga, no braço do pai, na palavra medida, no suspiro da irmã. O mundo testa a gente. O caminho tem lama, tem trama, tem drama, tem brahma. Excessos que desmedem quem sou, até onde vou, até onde voo. Lhememisturo. Sememisturo. Desmefaço. Desencontro. O tempo passa. Minha filha cresce. O dente que me obrigaram a não ver nascendo, nasce. Em pé como não pude ajudar a levantar, fica. Sua chuquinha que eu não pude pentear, vira franja. Seu choro que não pude trasformar em riso, sufoca o peito partido. Sentido. Estufa o peito. O casamento se foi, a paixão se foi, o amor se foi, a amizade se foi, a infância se vai, o projeto de vida, a casa, a ferida... Quando a infância finalmente se for, a leitura vai chegar. Com ela a cultura, a análise, outra ferida. A escolha. O mar tem seus dias de ressaca. Na noite vazia, reflete a lua qu