Chegou em casa, parou o carro na garagem. Desligou o carro, abriu a porta, a luz interna do veículo acendeu. Fez-se silêncio. Fez-se o silêncio. Por um momento, se esqueceu de respirar. Quando se lembrou, o fez calmamente, sem barulho. Tudo fora era escuro. Só havia luz na parte interna do carro. Imóvel, não sabia o que fazia. Não descia, não fechava a porta, não pulava do veículo, não buzinava. Não ligava o rádio, não olhava em volta, não suspirava, não estava. Mexeu os olhos para baixo, viu os pés sombreados pelo volante, em baixo do painel. Voltou a olhar para cima, só via escuro através do para-brisas. Fungou. Esperou até que algo acontecesse. Talvez alguém aparecesse, talvez alguém viesse, talvez o portão eletrônico fosse finalmente acionado. Não foi. Não era, não tinha, não vinha, não estava. Engoliu saliva. E esperou mais um pouco. Se lembrou de quando era outro. Luzia. Se lembrou de quando estava. E desejou que alguém chegasse, viesse, acionasse, aconteces