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Para a pequena resedá

Filha, sua pequena resedá começou a brotar. Tenho cuidado dela com carinho, coloquei na janela da cozinha, que lá é bem claro e húmido, imaginei que ela fosse gostar. Molho o máximo que posso, com cuidado de ver as raizes e o pequeno musgo que se encontra ao seu redor. Imagino que um dia vou ver sua mãozinha cheia d'água colocando um pouquinho de um lado e um pouquinho do outro; sonho ver você segurando seu vaso com as duas mãos, pra não cair. Não sabia que seria tão lindo uma folha minúscula aparecer assim, em uma galha aparentemente seca. Mas parece que a natureza está aí também pra isso, pra provar o contrário. Quem parece seco pode brotar. Hoje, amanhã, um dia. Talvez a espera não seja assim tão difícil de compreender. Você brota no tempo da espera, não antes, não depois. Você semente. E eu, somente, a lhe esperar broto viçoso que maneia ao vento...

Haikai da grama verde

Até Ringo queria ser Paul.

e só.

Quando subimos a escada, tocava "Eu sei que vou te amar" ao piano. Eu, não sabia. Vou dormir cedo e tentar sonhar com minha avó. Talvez ela venha, talvez ela apareça a me dizer que está tudo bem, e que ela, de lá, pode ver as luzes. Exatamente como a outra vez. Durmo um cochilo entre uma linha e outra desse texto e percebo que é hora de ir dormir. É hora de fechar a boca, os olhos, os ouvidos. É hora de sonhar só e só.

Haikai do meu caminho

O tempo sendo. O tempo senda. 

verão

Ele é egoísta. Auto-referente. Tem viagens persecutórias, é inseguro. Umbigo do mundo, encontra um jeito de precisar. Independentemente de precisar. Se acha zeloso, mas não sabe que a palavra zelo vem da palavra ciúme. Se acha. E tem medo. Contraditoriamente. Espera, mais do que faz, é outro. Não ele. Mas é romântico, no sentido de acreditar na diferença. Faz café da manhã e leva na cama, cuida, traz, busca, poda, molha. Abre a porta do carro na maioria das vezes e canta pela manhã, quando atravessa a rua e sobe no passeio. Em voz alta. E sonha. Sem acordar. E quando fala, elogia. Quando noite, estrelas. Quando dia, amanhece. Quando tarda, inverno. Quente, muito quente. Olha nos olhos pra sempre e acredita na possibilidade da verdade. Verdadeiramente. Me pergunto se merece crédito.

É lida, a trema.

Ei, Bela Trema. Você não está em desuso. É rara, é diferente. Encontra leito é nos cultos, nos sábios, nos textos profundos. No verdadeiro amor romântico. Não no romantismo bestabobo, irracional, sem medida. Há medida pro amor que não se acha em cada esquina. Não é fútil, não é séptico, não é réptil. É borboleta menina. É borboleta, menina. É o verdadeiro mar. É a mar, mulher, fértil, feminina, esquina. É lida por quem sabe, É lida por iniciados na vida. Sabe, "mar", em francês, não é feminino à toa. Talvez por isso o francês nos pareça a língua do amor. Pensando bem, Bela Trema, você é lida por quem gosta de queijos e vinhos e sabe dos piquiniques nas tardes de inverno. Bê ijos de um fã reconhecido seu*. * também

efeitos

Minhas costas dóem. Ontem, acordei com o yogo caindo no meu colo. Uma bola imensa me acordando, dizendo que era pra ir pra cama, que não tinha nenhuma condição de continuar ali, no computador. Hoje, minhas costas ainda dóem. Tomei um tandrilax quando deitei, outro 3 da manhã, quando não suportava mais o incômodo, junto com o pantoprazol, e resolvi não resolver.  Até porque não dá exatamente pra resolver nada 3 da manhã com um pantoprazol e um tandrilax na cabeça. Estou deitado. Minhas costas ainda dóem. Vou tentar dormir, não sonhar com você, não sonhar com você, não sonhar com você. Sabe? Meu mundo e nada mais. Hoje, sou só um jeito de dormir tandrilax e acordar sem dor. Ou sem os efeitos da dor.