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Ladra de beijos

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Marion Cotillard não sabe. Mas ela é um bom exemplo: é seu beijo sôfrego que pede mais, que não sabe se vai ser o último, que busca a essência, que pede perdão, que dá desculpas, que diz sim, que implora ao não, que rasga e atravessa, que excita, que morre, que nasce, que tem tudo e tem nada. Marion Cotillard beija Russel Crowe no final de " A Good Year " e revela nosso segredo mais íntimo. Ela e seus cílios mal educados. Ela e sua bocuda desmedida. Ela, simples, só, estando. Marion Cotillard não sabe. Mas pode saber. Já vi seus beijos, não preciso beijá-la. Compartilho com ela seus beijos nos meus que são os nossos. E tem gente que acha que beijo é coisa que se dá com a boca...

a gente

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ainda passo ando passando brincando cantando aos quatro ventos: em vez de mim em vez de ti a vez de nós somemonos somemosnus entremeados sêmola do existir

koan em busca de resposta

Existe um koan famoso, pra quem busca a iluminação na prática do zen budismo. Mais ou menos assim: "qual o som de uma palma com uma mão só?" Penso, às vezes, numa variação dele: "como dar as mãos com uma só mão?" Quem souber, me ensine. Se não caminho para iluminação, gostaria, simplesmente, de poder caminhar de mãos dadas.

Cicatriz

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Sentado no chão do box, observo a cicatriz do meu joelho direito enquanto a água quente, molhada, pinga pelo nariz, escorre pêlos colados. Não lembrava dela. Mas no exato momento que a vi, voltei no tempo, sentado depois da queda da Monark que me fez rolar ladeira abaixo, no asfalto, na ponta dos ossos, no grito, no choro de menino. A cicatriz ainda vermelha sangue e eu imaginando se isso ia sair um dia, se isso ia sumir um dia, como é que eu tinha caído daquele jeito e rolado junto com bicicleta e tudo nas ladeiras asfálticas do Santa Lúcia... Ela sumiu por muito tempo. Hoje, a vi no box, a vi na memória, a vi no tempo, num outro tempo que não volta mais. Nem ela volta mais. Não dói, não arde, não sangue, não some... Tá lá, em algum lugar do passado joelho, articulação sem sentido no hoje. Joelho bento, tempo água, lembrança sabonete. As cicatrizes infantis são meninas que crescem. São outra coisa.

good times

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Havia um tempo em que good times. Havia um times em que good era bom. A via, um tempo. Caminho que se percorre junto, durante, entretanto, apesar de, porque se acredita. Crê, mesmo, sabe, enfim. E mesmo que se saiba em fim, entende que se renova, nasce de novo, e que não importa se tem futuro. Tem agora. E agora é tudo que temos. Só. Sós. Pode ser que seja hora nova de good times. Pode ser que toda nova hora seja agora. Pode ser que eu espere, pode ser que eu esteja aqui agora, esperando. Esper-ando. E amando o good que existe no times que é só nosso, a independer do tempo, do bom, da espera. Estou aqui e agora. E chamo seu nome. Que onipresentemente responde: - vamos !

virol

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Deitei e me senti mal. Agora sei, o mundo dá voltas nele mesmo, às vezes a gente esquece. Em Santiago aprendi a fazer o mundo girar embaixo dos meus pés. Somos cavalo no mundo, nosso trote certo faz suar o pelo, faz domar a crina, faz sentir o vento. Dentro. Entro e sou mais feliz que láqui fora. Sou espora. Em mim, estrela que brilha e faz sangrar de paixão, de paixões. Os peixes todos em meu pensamento e não me preocupo em respirar debaixo d'água. São coloridos, gordos, cardumes, reluzem sol quando passam e tento acompanhar com os olhos da mente. Somente. Fazer amor com você abre o portal dos desejos, ensejos domados, damados, danados, cilhados. Bê ijo sua boca molhada e rachada. Chupo sabores. Olho nos olhos. E durmo amanhecendo um sonho de mãos dadas.

Presentes que caem do céu (ou chegam por email, tanto faz)

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