cimento, areia e água
Começo tirando os azulejos. A parede nua mostra suas imperfeições. Descubro canos velhos, onde a água não pode correr como antes. Troco todos. Tiro o piso que piso. Não há motivo para medo, não vou ficar sem chão. Onde vou pisar, vai ser limpo, novo, bem feito. Nem a sujeira que hoje há nos sapatos pode me dizer do que vai ser, e de certo modo, nem do que foi. Vou rebocar. Pintar tudo. Não me interessa a poeira temporária. Ela turva minha mente, me confunde, peço pra ninguém estar por perto, pois não quero ver alguém em meio ao pó, imagem confusa, sujando a expectativa. Não sei se alguém me entende. Não sei se espera. O barulho me incomoda. É a comprovação que está sendo mexido, macerado, revolto, escarafunchado. Mas projeto meus sonhos por sobre a tela do que vejo. Não sei bem se a reforma que faço agora é na casa ou se novamente em mim.