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Pingando

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Parte de mim se parte no canto do meu existir. Dói se tranformo em arte a dor que só faz consumir. O verbo, no infinitivo, medita passado, medida presente. Futuro, que incerta escolha, turva o olhar sempre atento. Lá, lamento do estar. Aqui, minha palavra se muda. Ouço o som da construção e luta meu bom coração. Estou tranquilo e só. Gestando, sonhando, Mar Morto . O vento espera de sacudir as velas. Mas sei que está. Quem vai me trazer toalha?

res posta

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- Bê, qual foi a última vez que você chorou? me perguntou Brenda, na frente da outra apresentadora da campanha e da maquiadora. Parei de escrever por um momento e me perguntei sua pergunta. Eu sei a resposta. Mariana, a outra apresentadora, fez algum comentário que não ouvi, Zizi, a maquiadora, replicou outra coisa que também não dei atenção, Brenda emendou algo que também não foi registrado. Eu sei a resposta. - Já sei! (ela disse pra todo mundo) Semana passada o Bê chorou comigo aqui no corredor, falando sobre o Caminho de Santiago ... Eu sei a resposta. Ontem, chegando em casa, minha amiga me chamou no skype, ela estava com um choro preso no travesseiro e resolveu deixar o travesseiro resolver o assunto, ele mesmo. Eu sei como é isso, travesseiro. É difícil explicar o amor, coisa sem explicação. É difícil entender o tempo, rival do amor, medida do pulo da ponte, charada zen-budista. Mas eu sei a resposta. Tirei os olhos da Brenda e voltei os olhos pro teclado do meu computador. M

Saudades de Paul

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Minha caixa de mensagens não tem nada de importante, só lixo digital, comercial sem necessidade, convites para participar daquilo que não preciso. Pensei duas vezes antes de postar essa foto. Porque não conheço essa menina, não sei seu nome, o nome de sua mãe, não tenho autorização para publicar ... Enquanto a disseminação, propagação, democratização dos multimeios digitais se molda, enquanto todos viramos produtores de conteúdo (seja lá que conteúdo for), caminha em paralelo a perda da ingenuidade, a relativização de uma suposta humanização da comunicação - ou algo do gênero, não sei definir (nominar) ao certo. Será certo não poder postar uma cena sem autorização, se ela traz uma menina linda, ruiva, tomando um sorvete, simplesmente, ao lado de uma fonte na Holanda, em uma cidade cujo nome não me lembro mais, mas que retrata a poesia do encontro, a ingenuidade do sabor de estar vivo, a necessidade de nos compreender ao mesmo tempo presos no passado e participantes do futuro, passageir

a única foto que tenho dela

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Olho que vê. Dente que dói. " Quando o cabra tá com dor de dente, ele fica macambujo mesmo, não importa o tamanho do homem.. ." - disse o Dr.  Ele sabe, tem uns quarenta anos que mexe com isso de dente. É uma anestesia, esse existir de dor. Olho por olho, se a gente deixar.  Escrevi o verbo deixar agora e me lembrei: tinha uma menina que eu amava, que vestia uma blusa que se parecia com uma mesa de cantina italiana (não, ela nunca leu esse blog). Ela adorava uma cena de um filme que a menininha virava e dizia: - deixa!, deixa! Ela achava isso o supra-sumo da doçura, da graça infantil. Essa, que eu conheci, sempre foi diferente das outras. Interessante como as pessoas são sempre diferentes umas das outras. Umas das ostras. Humos das outras. Enfim... são apenas divagações sem sentido, do olho que se deixa levar pela dor de dente que mora no peito, defeito, ar rarefeito de rara feição. Ainda quero encontrar com ela, sabe? Não, não estou falando da vestida de mesa da cantina que

lança

Sa Ta Na Ma. Mantra que, manto, Manjit me ensinou pra me cobrir no Caminho de Santiago. Ele, mestre de Yoga. In-cor-porei, de cor, nos poros, em cada grão da minha peleareia, macerada pelas pegadas, pelo Camino. Santo. Sa-ta-na-ma... Quão estupefato fiquei, ao descobrir o significado: Infinito... Vida... Morte... Renascimento... Muito próprio aos encontros e desencontros de infinita vida, morte e renascimento do Peregrino. Digo mais dentramente, flormente, árduamente, rioverdadeiramente sobre isso no meu próximo livro. Ele está 88% acabado. Quando vou acabar? Quem disse que ele acaba? Se ele acabasse, não seria um livro sobre o Camino. Só ainda não sei quando vou lançar... Obs.: acho que podemos combinar o seguinte... desconto de 50% no lançamento para Peregrinos e seguidores do Blog. Que tal?

você mesmo

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manto de amor. são onze horas da manhã. onze horas, onze oras. ouço os passarinhos todos do mundo, cantando, tantando. voam em mim, gaiola aberta de sonhos. lá, resolvi fazer meu ninho. meu tiquinho. o sol brilha folhas verdes e ela desdá a mão do namorado. - nem quero mostrar pra ele que é meu namorado. vôo pro Rio, vôo prum fio. ouço a perereca que chia na caixa d'água. tempo. o vento balança o ser. os passarinhos brigam na vasilhinha de alpiste. e meu peito seca que o sol bate, evapora a poça d'amor.

esperome

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flores que vejo. jardim de minh'alma. na esperança, a dansa com s que Gimarães Rosa cultivava. é espelho, é lago, narciso que bate à porta. abraço no frio, em pé na calçada, pé lá, pé cá.  sentimentos confusos que chacoalham o ser muito humano. cisão, corte. no espelho do seu olho me vejo, sou eu, sou desejo, sou rasgo na roupa tirada na pressa de se entregar. casulo de mim, aguardo. e tardo na espera do seu caminhar.