Ontem vi o Marcio com o nenenzinho no colo. Hoje eu vi o Marcio com o nenenzinho no colo. Seus cabelos estão mais grisalhos, seu bigode mais branco. É o Marcio, era ele com um nenenzinho no colo. Ele pegou o neném, como quem pega o nenenzinho no colo, e fez aviãozinho com ele. Era ele, ele com um nenenzinho no colo. Tá magro, a idade lhe pesa no tanto certo. Nem muito, nem pouco, pra quem pega uma criança pra brincar de ser avô. Sua filha é mãe. Morena, pele jambo, nem o fato de ter engordado um pouco a faz menos bonita, menos olhos grandes, menos olhos negros e reluzentes. Seu cabelo, desgrenhado-ser-mãe, tá bonito, cacheado, meio curto, meio longo, e acompanha o movimento do Marcio com o nenenzinho no colo. A narina direita do lindo neném tá com uma casquinha de dodói. É que ele já tá descobrindo a vida, a vida dá dodói pra gente. A vida dá dodói na gente. Ainda bem que ela dá Marcio, pra pegar a gente no colo, independente do dodói, da vida, da escova de cabelo, da idade, do ontem,