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Mais uma sobre o amor

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Amor tem isso. Tem aquilo. Você sabe... Tem jeito novo de ser, maneira estranha de pensar, tem um pouco de sobreviver.  Amor tem dessas coisas.  Não é blindado, não é terno, não é feio nem bonito. É reflexo, é vermelho. Está nas coisas e cala.

Mar Verde

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Ela olha, tenta descobrir. Revelar o que lhe parece possível. Olhos distantes, fixos. Morde os lábios involuntariamente e acredita estar chegando a algum lugar. Brincos pequenos, biquini marrom, laranja, amarelo e branco. Discreto também. Discreto e "contido". Ela está bem. Observa o mar e encontra sentido em seu rabo de cavalo, em seu foco, em suas dúvidas simples de jovem mulher.  Seu namorado é sério. Gosta dela. Exprime sua rebeldia em cores vivas em seus dois braços fortes.  Ela sabe de sua sensibilidade e atravessa o mar de mãos dadas a ele. Para ela não é difícil nadar. Para ele é extenuante. Mas ele acredita. E faz do ofício seu modus vivendi .  Ela é caprichosa. E vai cuidar pra que não afoguem nunca. Nem quando o mar parecer salgado demais, a água estiver gelada demais, o sol presente demais, tudo. Tudo desse jeito doido de ser. Ela já cuida dele.  E experimenta a cerveja gelada de seu copo pra dizer que sabe compartilhar.

A Praia de Sândalo

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Acordei para o pôr do sol. Vestido roxo, o sol refletindo o rio e uma embarcação pobre atravessando o reflexo. É paz, é ano novo, é esperança. A cada marola, um pedido, um encanto, um desejo de mudança pra melhor.  São peixes que saltam da mente, em direção ao rio de sonhos e realidade. Cerveja gelada, uma mesa de jovens, garotas adolescentes exercitando a confiança em si, transeuntes de cangas. A areia suja todos os pés. Meu pê éfe tarda, e a barcarola de nome "Atum" é visitada pelo dono, que recolhe o saco de cebolas. Faltam o pente de ovos, as latinhas de cerveja e as latinhas de coca-cola. Não importa mais o merchandising. A bela Isabela ri ao meu comentário. E seu colar de sândalo exala toda a beleza da juventude na ingênua praia onde não existe rapto, corrupção, mentira, medo. Só existe o sol acima do rio que corre, ao sabor de nossas marés. E seu barulho poético indescritível...

Idílico e lúdico

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Além do sol, atrás das nuvens, por sobre as montanhas, depois do terreirão de café, vazio, lá não estou. Aqui me encontro a observar o terreirão, as montanhas, as nuvens, a tentativa do sol aparecer. Sou fato. E atravesso a paisagem com o olhar de quem, daqui, tem coragem de desbravar. A gameleira não podia ser mais bonita. O coqueiro não poderia estar em melhor lugar. O restolho de mata atlântica que cobre o mar de morros não pode ser mais real, mais preservado, mais adequado, mais compassado com meu coração de herói. O verde faz sua graça, e tenta sair por entre os tijolos do terreirão, a natureza agradece o esforço. O sabiá irrita de tão bonito. Seu canto desafia. Chama para a batalha e vence. Não há perdedor. Há o sabiá, a gameleira, o terreirão, o verde, o coqueiro, a mata, as montanhas, as nuvens, o sol, o caderno, a caneta, e eu.

Alpendre

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Céu nublado. Mas prefiro dizer LUBLADO. Não é mais legal, foneticamente? Existem um monte de palavras em português que são incríveis, independentemente de seu significado. Quem já jogou dicionário sabe o que estou dizendo. Eu sou fã de várias palavras e já disse isso em meu livroCD 8, lançado em agosto de 2008. Há palavras que são, em si, enredos. EVO, por exemplo. E duvido que você saiba o que é isso. Sabe outra que me encanta? ALPENDRE. ALPENDRE é muito bacana. O interessante é que só quem teve alguma relação, porque não dizer, afetiva com o (um) alpendre sabe o que estou dizendo. Aliás, fórmula matemática: a intensidade da compreensão é diretamente proporcional ao afeto , em um sentido mais amplo. Isso, tendo em vista que entendimento é uma coisa. Compreensão é outra. Quem olha no dicionário, entende o que é ALPENDRE. Mas quem teve um avô atleticano que gostava de queijo canastra com sal e azeite no palito e Brahma gelada, sentado no alpendre da rua São Paulo 1883 no bairro de Lou

Dr House

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Os fãs do Dr.House talvez não tenham atinado pra isso, mas ele é simplesmente uma imagem fiel do que quer ver o ser humano moderno. Com sua deficiência estampada na testa, ou melhor, na perna manca, nas dores que sente, enfim, o Dr. House acaba por representar o Sujeito marcado pela falta. E em seu caso, isso é evidente. Me questiono: será que por isso as pessoas param pra ver um acidente na rua? Sinceramente, não acredito que "o povo gosta de desgraça", como dizem. Acho, sim, que é como ver o Dr. House. É como se aquilo que em nós é escondido (ou tentamos esconder a qualquer custo), nele é óbvio, evidente, está lá pra todo mundo ver. E o que apreciamos é que, mesmo marcado, mesmo "defeituoso", House encanta, House "chega lá"... Não é o que buscamos? Mesmo com nossos defeitos, que insistimos em não colocar pra fora, somos aqueles que querem chegar lá, que querem encantar, que querem vencer, enfim... E ver um acidente na rua é como ver a obviedade da falta,

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Grande Sertão: Veredas, página 143. "E, o que mais foi, foi um sorriso. Isso chegasse? Às vezes chega, às vezes. Artes que morte e amor têm paragens demarcadas. No escuro. Mas senti: me senti. Águas para fazerem minha sede." Quanto mais leio Guimarães, mais encontro sentido na aproximação entre música e literatura, sonho e palavra, ritmo, harmonia e compreensão de texto. Para ler Guimarães, uma dica: aprenda a ler poesia.