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Abra-se

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O sentimento do mundo cabe num abraço. Abraço apertado, abraço profundo, abraço de fé, de amor, abraço, laço do peito. O abraço abre o aço. Abraço, quando nossas gaiolas do peito se trançam. Somos passarinho a nadar juntos no mesmo baldinho. Ato de entrega, selo da amizade verdadeira, no abraço se deita no colo de Deus. Volto à infância. Sopro divino, no abraço se alinham dois corações. No abraço se aninham almas que se pretendem irmãs. Ímãs Hiato do conceito, quebra da dor, Abraço é coisa que faz o Tempo parar. Há mar, e cabe num abraço. O abraço compreende todo O universo. Poesia dos corpos, o abraço é a moldura do encontro. Nada a dizer, tudo a querer, o abraço é a verdade tangenciável do ser. Abra-se. Abrace. Agora. E experimente o ato sublime da criação conjunta. Há braço. E forte, apoio da sutil existência humana. Para o Peregrino e Cavaleiro Ramiro Maia que, descalço,  vestindo uma camisa com um peixe estampado,  atravessou o ocean

Nosso rumo

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Ele, menino, intuiu que era esse o Caminho a seguir. Descobriu que a amava quando ela se encontrava deitada, enferma, aninhada em suas mãos, passarinha de penugem clara e bico forte, selvagem por natureza. Percebeu que o peito da gente é só é uma gaiola. Soube que se deixasse ela voar, mantendo sua gaiolinha aberta, quem sabe, ela teria vontade de voltar pra fazer ninho? Os peixes são mais peixes quando n'água nadam. Ele, nada. E descobre em seu Caminho, muito caminho a andar. Ela voa. Ele, não. Ele caminha. Mas seus pensamentos podem voar. Seus pensamentos e seu coração.

A Rainha e o Cavaleiro.

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Cavaleiro Templário contemporâneo ainda ajoelha diante de sua Queen. Uma de dois anos de idade. Ela, filha, o abençoa em sua jornada. Odisséia pessoal universal única, se é que isso é possível, sai seu fiel cavaleiro andante pelas linhas tortas de seu destino, rumo ao nada. A ideia primeira, era andar de Belo Horizonte a Recife, ou seja, a distância de 2.222km entre sua casa e a casa onde mora sua filha, pra mostrar que "Pai é só uma seta amarela". Pai é exemplo, e só. Nesse caso, o exemplo de paz. Em busca das virtudes perdidas do Bem, do Bom e do Belo, alvos tangenciados tantas vezes e dificilmente alcançados. Não foi fácil, posso dizer. Fui eu. Foram 88 dias de caminhada, 14kg que se foram pra sempre, deixados, escorridos por cada uma das gotas de suor. Bagagem extra desnecessária na vida da gente. Acho que vou lançar um Best Seller: "Emagreça 14kg em 88 dias". O mais difícil é só a caminhada do Vaticano a Santiago de Compostela. Os detalhes são fáceis.

pé de silêncio

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Silêncio é escola  onde se aprende a ouvir. Silêncio é mola onde se joga a fala. Silêncio é oco oca da ideia da gente. Silêncio é árvore folhas, páginas em branco. Pé do silêncio, a inspiração. Seu passo, sopro. Se eu passo, silencio. Pé de silêncio, meu livro em branco. Quando fala falo,  o estupro da orelha,  calo.

Será fim?

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Do alto, lá, de dentro, pude observar. Onde não encontro, onde não procuro, onde nenhum lugar. Quando em oração, o silêncio de quem anda. A areia que o Vento sopra escolhe minha ampulheta. No cantinho das unhas dos meus pés, na costura dos panos, todos, ela quer pousar. Dormir seu sono do Tempo, seu sonho Castelo de Areia, vontade de completar algum vazio destino. Quem sabe o nome do cavalo de São Jorge? Eu sei. Serafim veio, encontrou caído, Homem que chora na Capadócia . Chorava rios destinos, estrada rasgada aos calcanhares, fissuras no asfalto da vida. Sua bile era piche a tentar remendar desatinos. O negro da noite cobriu seus olhos todos. Véu que mata, asfixia. Serafim tem dedos delicados. Pontudos. Pontua. Seis asas, seis contos, seis casos. Santa Clara naneou por um instante e ajudou Serafim a limpar seus olhos. Todos. Soprou em sua boca o Espírito Santo esquecido num canto. Onde vassoura alguma consegue varrer. Assim, segurou ombros. Levantou queixo. Ouviu queix

88 - 14 = 2.500

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Nunca fui bom em Matemática. Acho que agora sei o porquê. Como provar pra minha professora, pesadelo dos idos de menino, que oitenta e oito menos catorze é igual a dois mil e quinhentos? Foram oitenta e oito dias de provações. De raio a serpente, teve de um tudo. Um dia se aprende que corajoso não é quem não tem medo. É que coragem é só a capacidade de agir de quem tem coração. Devo confessar. Foi fácil: todo dia eu chegava na porta, ao sair, e jogava o meu coração bem distante, na cidade de meu destino. Daí, era só ir buscá-lo pra minha filha. Ela não pode ficar sem ele. Quando se tem afeto, afeito no sisal do verdadeiro amor, borda-se qualquer caminho, ponto a ponto, passo a passo, linha dourada que pontua: é vida. Eu vivo. E tenho histórias de há mar pra contar. Mesmo na areia, escrevo com verdade o que a onda do tempo lava, leva, louva. Deus sabe. Agradeço por não saber fazer contas. As contas que sei, são as que bordo neste mesmo lindo pano. Vou passar um tempo agora ten

2+2+2+2

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O Caminho do Pai foi alcançado. Foi distância que quase não acaba... Dois mil, duzentos e vinte e dois quilômetros completos no dia do aniversário do avô Toi. À pé, de Belo Horizonte a Recife: tem distância de sobra pra muita e muita e muita e muita coisa... A principal, talvez, o amálgama do Amor. Que cola, adentra os poros semente, brota na gente e nos faz floresta. Saímos por aí, a arvorejar a existência, demonstrando afetos e efeitos do há mar. É árvore de ondas, folhas de espuma, frutos de estrelas, de fazer inveja a qualquer carambola. Nossa Belo Horizonte foi o Vaticano. Nossa Recife, um lugar chamado Casa dos Deuses. Para minha surpresa, grata satisfação, lugar de doação que me chamou a atenção no Caminho de Santiago desde 2009, quando passei ali pela primeira vez... Para a minha surpresa, foi ali que se deu a tal distância, o longepertocolado, pra quem quer saber é da palavra "alcançar". É que "cansar", palavra próxima, é só um passado de luta. Qu