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Tango-me

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Tango-me. Mãos e pés.  Sinto mais falta dos pés. Pés que dançam na noite escura, blackout de nós, embaixo do edredom.  Queen size, our size, no size.  Edredom de roçar, encaixado, dom de colar, enrolado, casulo o casal. Tempero da noite, temprano sono, dizzy love, diz se ama. Por favor, não me engana. Astor a nos visitar, vultos que não dormem, mas sonham.  Dança nas estrelas do quarto, fractais dos desejos molhados, enlaçados, atolados, expurgada a realidade crua. Pele morta em baixo da unha. Somos mais do que carne nua. Incrustados, bocas que mordem carinhos. Enluados, nossas tantas marés. A noite se confunde com o dia que habita em nós. Nossos nós. Nós, bandoneón. Os lustres exibem os corpos friccionados na lisa pista, o bandoneonista se curva ao nosso eterno rodopio. Dança que não acaba nunca, rosa vermelha de desafios. Fecho meus olhos e ouço baixinho seu coração. No compasso da música, o reflexo do piso encerado é só movimento de coxas, de

Haikai da contemporaneidade 2

O mundo é undo.

Também

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rudepenatristeluto, enganorixaholocaustopranto. rasgadofétidoensimesmadodolorido, ossoríspidoenlouquecidoantigo, brutomagoadorevoltadoaflito. lânguidadinâmicaestruturadainteira, absolutalógicaracionalgarrida. chorosa. belicoso. mágicoinesperadoastutoaudaz, básicosimplescongruenteeloquente. tenaz. amável. e os dias e as pessoas, assim assim.

chiliquinho de menina

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Deitado na cama da filha com os pés encolhidos. Abraça-a como pode, ela não está lá. Sente o cheiro da roupa de cama lavada, que nunca foi usada, estendido lençol, que gatinhos rosas. Bonequinha preta, bonequinha bege, bonequinha sentada, de brinco, de pano. O travesseiro do engano. Deitado, encolhido, castrado, ferido, opta por ser objeto do quarto, decoração que adorna, no canto. Ilustração que ganha vida, da parede olha com olhos de "o que você está fazendo aqui?" Giz de cera verde, giz de cera bonino, o bom menino amanhece nos braços do coelhinho de travesseiro. Olhos de botão, cruz de lã, é novelo que fia a confiança de saber do Caminho. Segue ela no labirinto! - diz o elfo do quarto, Desenrola a lã pra ela, que ela é pequenina! , sabe o tudo. No porquinho de moedas, o cofrinho que guarda os ensinamentos da provisão. Pro visão do futuro, pra visão do maduro, pra visão de vê-la entrando e se medindo na régua do tempo, que o Amor deixou de presente. Pres

Haikai da temperança

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A tempestade vem com o vento e me leva a mando

A mil passos das mãos

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Ontem, teve uma experiencia nova: andou de mãos dadas. Há muito não fazia isso, tinha se esquecido do que era o toque, o tato, o teto. O tudo. O onde, quando as mãos se abraçam gentilmente, a suavidade, o encaixe, o enlace. Envolvem-se os dedos da alma, o perfume da calma, o gosto gostoso do suspiro teimoso, que vem. Lambida da pele. Lamento do espaço. Nó do homem, regaço. Amanheceu sentidos durante 5 passos. - Liberte-se! - disse. Se dedos, penas, as asas dadas. Voe vento de bater de asas, que meu compr-omisso é como insistir. As unhas do tempo crescem, sem lhe machucar os dias.

Não se deve comer torresmo todos os dias.

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Queria escrever algo marcante. Ser interessante, inteligente, ousado, perspicaz. Afinal, é a primeira postagem de 2012. Na verdade, não tenho muito a dizer. Só que, partindo do pressuposto que passado simplesmente não existe e que futuro é uma construção psíquica, tenho que ser feliz hoje. Hoje, vai ser mais difícil. Hoje não vi minha filha. Não senti seu cheiro, não a vi curiosa com meu colar, em meu colo, não olhei em seus olhos, emoldurados pelos cílios mais lindos do mundo, não vi seu olharzinho lânguido de mel, não ouvi seu suspirinho. Nem ao menos dei uma fungada de pai na sua nuquinha pra deixá-la com aflição da minha barba cosquenta. Também não amei loucamente, não fiz um sexo enlouquecido de alegria sem hora pra acabar, não não vi meu objeto de desejo, não dei sequer uma gargalhada, não comi uma feijoada, não tomei uma cerveja com um amigo e brindei a nada interessante, não fiz uma boa ação de fato, não ouvi Gilberto Gil, não encontrei meu melhor amigo, não tive mome