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O Caminho in verso

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À noite vem, coaxar de sapos. Um curiango pia no mato, na grota que é só breu e perguntas. O vento venta bailar das folhas das pontas, as estrelas estrelam o estrear dos pontos de luzes, ouço a corrente que arrasta impaciência no cimento do canil. A lenha já é espera, paus secos, folhas mortas, pau ferro, candeia que arderá. Ascendo aos céus, acendo na terra a fogueira que começa, divagar, devagar a vontade de crepitar. Fogueio. Meu pai é vem. Ele já vovô: – Filho, pega o acordeón pra mim. Pego, pai. – Pai, faz a volta ao mundo? Peço. E me sento do outro lado do fogo, na linha de vê-lo à luz laranja e negra do existir poético noturno. Ele tec o couro que prende o fole. Fuuuu. E arrasta a palma da mão no teclado, cabeça baixa, como se carinhasse o instrumento olhando de por sobre. Aos 11 anos, meu pai dava aulas de acordeón. Antes, tocava no piano de mentira, teclas desenhadas sobre a mesa, de quem não tinha dinheiro pra comprar um instrumento. Foi imaginando os sons das no

Antídoto

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Zapeando a mente, dá de cara com um filme antigo. Um filme assim requentado, sessão da tarde, daqueles que tem cachorro e que faz a gente chorar. O nome do cachorro já dizia tudo. Tinha o herói, afeito a provações, tinha a mocinha princesa, dona do cachorro, digo, do dragão alado, tinha a mãe da mocinha, a dona Rainha, tinha o Rei, tinha tudo. Tinha um palácio ecologicamente correto, com um jardim de tirar o fôlego, com chifre de veado, orquídeas raras, gazebo, piscina, digo, lago, tinha tudo. Tinha uma história bonita a ser contada. Tinha uma história bonita a ser cantada. Daí, música se fez, veio a bruxa, veio o tempo e o mato cresceu ao redor. O príncipe, mais parecido com sapo, não se fez de rogado. Voltou ao palácio e tentou de um tudo, menos o beijo. E a bela adormecida não arredou o pé. Mesmo linda, mesmo pintura, mesmo musa, mesmo sonho, não se fez real. Preferiu ficar dormindo a descer da torre. Nem quando a lágrima palavra tocou seu rosto, escorreu em seu peit