No Lago Negro sonhando com minha neta
Com pai, chão. É o que sinto. É o que sei. Ninguém que lê sabe mesmo por onde andei. Senti Caminhos. Sobrevivi. Mesmamente. O onde virou quando, o ontem se eternizou. Nas águas do Lago Negro, profundezas. Sento-me à sua margem. Olho de soslaio a foto que me deságua. É bica. É pranto. As marolas do desejo vem cá fazer margem. A grama não molha. O céu que emoldura a foto está impresso na superfície das águas. Às vezes, vemos. Às vezes, não vemos. É o Vento que fustiga a compreensão da gente. Mas está lá, escondido no movimento silente das parábolas líquidas. Áquo-me enquanto percebo a presença gárcica do meu pai. Ele espera imóvel a chegada de sua neta, enquanto observa o céu das águas. Calmo. Calma alma ama. E respira. Nada. E o Vento não tarda a nos surpreender.