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falamar

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preciso falar sobre muitas coisas, sobretudo das que ardem. preciso falar da pontuação, do baile, do vício, do medo, do simples e do complexo, do bem, do bom, do belo, do mau, do caminho e do meu pai. preciso falar da minha mãe. preciso falar da minha filha, da saudade dela, do meu analista que me aguarda voltar, da necessidade de falar e da necessidade de calar. preciso falar a respeito. preciso falar do galo, da madrugada, dos amantes, todos, nenhuns, alguns específicos e nenhum dos que você esperava. preciso falar do amor. preciso falar de amar, do sonho da paz, da paz de sonhar, do sonhador em paz, rapazsonhador. preciso falar baixo, sussurrar, messurrar, meamar. preciso cindir, preciso saber, saberincisivamente sobre o que dizer nossilêncio de nós. preciso falar sobre os pedidos de perdão, sobre as desculpas, sob as desculpas de quem de fora ouve qualquer discurso, fala, palavra. preciso palavra. precisavra. preciso, imprecisamente disso tudo e disse nada, disso nada, disse t

Ro meu, Juli êta!

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Ama quando esconde. Revela só pra si. Sopra-se. É vento da alma, sorriso esperança, fé que cura dodói. Limpou os cantinhos da alma, pode mover-se, lubrificada, oleosa clama por um abraço quente. Um de suspiro. Quer que segure suas mãos, quer que aperte firme suas mãos, olhe em seus olhos, afague só com a existência dos sentidos, contemplação mútua, orvalho do querer. Cursor pulsando na folha em branco. Entrega desistência, rendição plena, as máscaras venezianas afundam finalmente em seus canais. De lá nunca deveriam ter saído. O diabo pede pra contar em trovas o sucesso de Shakespeare. Frei Lourenço agora é outro: o veneno do amor é o tempo, senhor do equilíbrio e razão. Que um dia, quando pular da ponte, tenha aprendido finalmente a voar.

QUEM SABE?

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Colaboração do Jornalista Nestor Sant'Anna Quem sabe? Pois é, gente do nosso tempo. Continuar assim? Li que o governo brasileiro vem adotando uma política externa de opção  preferencial por ditaduras caloteiras. No ano passado, Brasília perdoou  dívidas do Congo, Sudão, Gabão e Guiné Equatorial, países que têm à frente,  há décadas, governantes acusados em tribunais internacionais de crimes de desvio de dinheiro público, enriquecimento ilícito, corrupção, lavagem de dinheiro e genocídio. Importaram do Brasil cerca de R$1,9 bilhão de reais e não pagaram. Por decisão solitária da “presidenta”, cada brasileiro TEVE DE FAZER UMA DOAÇÃO COMPULSÓRIA de R$9,50 a esses líderes africanos de péssima reputação mundial. Está também nas páginas que, com o nosso dinheiro de impostos pagos com trabalho e suor, vai ser reinaugurado em breve o novo porto de Mariel, Cuba, cuja reforma, de 682 milhões de dólares, foi financiada pelo BNDES.  Isso mesmo... e atenção: não foi fina

The lone ranger

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2014, página em branco. A se definir. A se escrever. A ser deixada em branco. A ser lida daqui há alguns anos. 2014, página em branco. Meus dedos correm o teclado e não escolhem nada inusitado. Talvez queiram dizer que o ano do cavalo vai ser assim. Trote. Casco na terra, clop clop clop clop. Como um tic tac de um relógio. Um mantra do tempo. Um ano com copa, com eleições importantes, com inflação em alta, insegurança no mercado, restrição financeira. "Cavalo dado não se olha os dentes", diz a sabedoria popular. Não queremos que nosso cavalo precise de dentista. Queremos nosso cavalo relinchando, galopando, crina ao vento. Corcel, se possível. Puro sangue, de preferência. Cavalo de banho tomado, escovado, que brilha luz da lua, pasto verdinho, menina de vestido e laço no cabelo pendurada na cancela. Cavalo força, cavalo trabalho, cavalo fidelidade. Encontrei o imperativo do verbo ir no meu cavalo. Vou com ele. E não vou montado. Vou lado a lado do cavalo an

2013

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2013 foi bom? O café queima minha boca, fst!. Deito a xícara no pratinho. Olho o vazio e vejo Tempo. Esse ano foi bom? Puxa. Foi um ano como nenhum outro, como tinha que ser. Ano de fé, de superação, de prova, de dor e de amor profundos. Em 2013, voei de balão com São Jorge e o Arcanjo Serafim na Capadócia. Encontrei o Papa Francisco no Vaticano. De lá, andei o mundo. Refiz o Caminho de São Bernardo e São Francisco peregrino até Assis, encontrei-me com Santa Clara e São Francisco na Porziuncola e me ditei Caminhos. Pedi perdão. Andei até Chiusi Della Verna, onde as chagas de Francisco brotaram dor do mundo, compaixão pelo semelhante. Aceitei os desígnios do Mistério da Fé. Ouvi. Pus-me a andar. Atravessei a Itália. Atravessei a França. Atravessei a Espanha. Atravessei a minha própria expectativa e cheguei a Santiago de Compostela. Recebi tantas cruzes e preces, que não era mais eu quem caminhava. Era uma legião de amor, de prece. Cruzada de compaixão pela dor origi

EU Acredito em Papai-Noel

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Estou com saudades de um adesivo dos anos 80 que víamos nos carros dos saudosos do Musical Hair: “ Eu acredito em duende! ” – E uma ilustração muito feia de um duende modelo europeu, roupinha de Oktoberfest, suspensório, gorro verde. Só faltava o caneco de cerveja. E você, acredita em quê?, ou, em quem? Nos seus pais? Na fidelidade da sua esposa? Nos pensamentos puros do seu marido? Nas bruxas? Em dias melhores? Na paz mundial? Em Deus? Em você? E no Papai-Noel? Meu professor de física, em 1992, citou um pensador – não me lembro o nome – que disse, ao ser perguntado se ele acreditava em Deus: –“Se eu ‘acredito’ em Deus? Eu ‘sei’ Deus.” Hoje, depois de caminhar 2.500km a pé, acredito, ou melhor, “sei” da dimensão do que ele me disse. Quando a fé vira certeza, é o grão de mostarda na palma da sua mão. Ele remove montanhas. O “ Eis o mistério da fé” – o questionamento zen budista corriqueiro da igreja católica – indica o caminho para que possamos atravessar vendados o vale de dúvidas

Olhos puxados

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Do lado do meu computador, uma girafa de pelúcia me olha atenta. Não sei por quais mãos passou. Não sei se quem fez foi um chinês, vítima de abusos trabalhistas. Não sei se esse chinês tem uma filha que mora há 2.222km de distância de sua casa. Não sei se ainda há em seu pêlo céluas mortas da mão desse mesmo chinês saudoso. Não sei se esse chinês por um instante parou para olhar os olhos atentos da girafa que ajudou a fazer. Não sei se esse chinês sabe que do outro lado do mundo tem um pai brincando com a girafa e com uma filha pelo Face Time. Não sei se esse chinês tem a dimensão do olhar da girafa. Não sei se esse chinês tem a dimensão do olhar de uma filha. Não sei se esse chinês tem a dimensão do olhar de um pai. Não sei se olhares são dimensionados, como são dimensionadas as distâncias entre o chinês, o pai, a filha, a girafa. Talvez, o olhar do chinês seja o mesmo olhar da girafa. Talvez, o olhar da filha seja o mesmo olhar do chinês. Gira, faz de conta, girafa, pescoço q