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Quatro e meia

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o silêncio chama e escuto nada tenho boca na madrugada

Febre e ecologia humana

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A febre das corridas de rua toma conta das capitais. As marcas de produtos esportivos descobriram que assim também se constrói uma marca: em cima da emoção, da vontade de superação, do sonho de ser um vencedor. Não há como pensar corrida sem me lembrar: comecei a correr mesmo, depois que meu casamento se foi. Encontrei o Amor na corrida. Fiz da corrida minha curtição. Quando a gente corre, tem  uma onda que bate  que ajuda bastante o sentimento de bem-estar. Não sei se é adrenalina, endorfina, dopamina, estricnina. Sei que funciona. Sabe? Acho que a gente chora menos quando corre. Já conhecia a minha equipe de corrida, quando me juntei a eles. Costumava chamá-los de  Smurfs , porque vinham sempre num grupinho de 3 ou 4, sempre correndo vestidinhos de azul. E eles me impressionavam muito: rapazes fortes e moças muito bonitas, de corpos bem moldados, sorridentes e simpáticos. Para meu espanto, venho me superando, até que completei os 42km da min

O caçador frouxo e o terror de ser príncipe

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Agora é a minha vez. Eliane Brum fez seu comentário  a respeito do filme Branca de Neve e o Caçador. Muito inteligente e muito próprio (ela é demais). Disse ela, no subtítulo: "Neste conto de fadas para mulheres adultas, uma ruga vale uma alma." Ok. Mas e a homaiada ? O que tem a dizer, pensar, refletir sobre Branca de Neve e o Caçador? Duas coisas me vêm de imediato: a primeira delas foi o comentário da minha amiga e Consultora Para Assuntos Femininos, ao término do filme: – Eis, finalmente, o conto para a mulher contemporânea! Você viu? Ela vai ficar com os dois! (e mais pra frente, quando cada um pagava o seu estacionamento do shopping: ) Sabe de uma coisa, Bernardo, as mulheres só ainda não dominaram o mundo por causa da disputa que sempre há entre elas. Mesmo quando são amigas! Sobre isso, 2 coisas: 1  Eliane Brum tem razão . Sobre as considerações que fez sobre o universo feminino, seu processo de emancipação, seus medos, o embate entre a velhice e a j

Para a enamoradinha do papai

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Uma braçada de flores! Quero flores num abraço. Para minha enamorada, só amor, filha, mais nada. Quero um naco do seu pensamento, a música da lalação. Iniciáticas palavras, vôo ouvir o seu  papai. Me nina, minha filha. Sou jardim que espera. Espero marcado, áspero de saudade, esperta vontade. Soueu. Vamos marchar juntos, filha, em continência ao há mar. Sou pensamento, conexão, seu barco de navegar. Seu rio de sonhos ala r ga meu bem querer. Infância. Extensão do papai, explica o mistério do oposto: você está onde estou. O mundo é assim assim. E a vida, só um milho de pipoca na manteiga quente. Pluft. São tantas as flores do mundo, minha filha, tantas tantas... Não vou ser seu namorado, sou só, enamorado, vítima eterna do seu amor. Promessa de enquanto viver, mesmo entre vindas e idas, suas flores estão garantidas, minha e terna Bebê.             

Jusqu'á l'hermione

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Em breve, meu barco parte. Me leva inteiro quando parte. Em breve, meu barco pedaço. Porto, barco, mar. E eu não sei nadar. Em breve, meu barco parte. Parte de mim, parte sem mim, parte comigo. O mar é uma espécie de umbigo. Em breve, meu parto barco. Viagem, miragem, ilusão. Me abarca, coração. Em breve, meu pedaço barco. Que mar, que vento, que nuvem. FraGata nos telhados das ondas. Seu leite é espuma. Seu ronronar se ouve nas conchas. Em pedaço, meu barco parte. Seu porto, minha rota, meu farol. Céu ruivém esconde sol. Em parto, meu pedaço mar. Tenho medo de secar. Estou indo. No porto, na porta, na parte, ninguém. Se despede de mim?

JACU EM PÉ

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O discípulo sentou-se. O mestre: – Por que sentou-se aí? Jacu (digo, discípulo): – Bom, o senhor falou pra sentar... O mestre: – eu falei pra sentar, não disse onde. – Qual é o seu lugar no mundo? Foi o que me perguntou ontem. A pergunta me ecoa até agora. E vai me ecoar por um looongo tempo. Isso me toma assim, por inteiro, e me desperta pra pensar desejo, pra pensar receio, pra pensar anseio, pra pensar tudo e pensar nada. Tenho medo de não estar no lugar certo. Já tive insights. De toda ordem. Por exemplo: quando eu propus fazer um paralelo entre Guimarães Rosa e Raymond Queneau, o papa da semiótica em Minas, meu orientador, Julio Pinto, trucou. Perguntou ele como eu poderia estabelecer esta relação, se não sabia a representatividade do autor francês no que dizia respeito a sua construção semiótica, nem ao menos no que dizia respeito à sua representatividade para a França, em comparação ao que é Guimarães para o Brasil e a literatura. Pois bem: no mesmo ano, Umb

JUNO

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Juno que une, pão que anuncia. É dia: escuta, que o tempo vem. Vislumbra a gota na terra, o orvalho na planta, o sol na semente, outônus da vida. Renasce, medida, devagarzinho. A estação da vida: plataforma de chegada e partida dos sonhos secretos de nós.