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Inteiro

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É como à tarde, em praia. É como ver o mar, absorto. É ver-i-ficar passivo, contido, sentindo apenas a sua respiração que vibra com o mundo inteiro. Inteiro. Ondas que molham a areia que seca. Os peixes, todos, estão lá, mesmo sem vermos. Peixes que brincam nos meus sonhos de menino. Mais reais que os peixes reais que estão lá, mesmo sem vermos. Peixes que fazem festa nas profundezas da mente. Sente. Coloridos, tamanhos variados, olhos esbugalhados. Peixes. Quero ser um São Francisco do mar. E que os peixes, e as borboletas, pousem em meu ombro enquanto sonho acordar.

Nus, coqueir-ais, a ponta do mar azul

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Hojestudo um jeito de desencontrar defeito que porque aflito tombo no seu peito. Desrugar caminhos a salvar encantos encontrar as marcas do que não foi, pranto. Meus olhos estão ardendo e em tudo, óculos, grau, grou. Verificam-se distâncias avaliam-se possibilidades metrificam-se sorrisos e nós, nus, na soleira da porta prestes ao passo. Posso?

Ter-me

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Sabe-se lá quem vai ler isso. Posso mandar mil recados. Escondidos, velados, partidos, ousados. Posso escutar de mim os meus fardos. Sei do meu gosto pelo simples, meus medesejos, sonhouvidos. Sei de todos, corações partidos. Ante ao mistério do ser, ter-me em mais mil movimentos, entre tantos lamentos. Hoje rio com gosto. (Foi bom ouvir te ver mais cedo.) Pre-ocupo-me com meu caminhar. Agora corro, agora morro, sei despertar. Sou grato. E o tempo que balança os humores sabe como acoitar. Sim, sento. E o vejo chegar.

Os pés do tempo

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" Seu pé não mudou, não. Só cresceu. Esse é o mesmo pezinho sentado na tampa de cimento da casinha do botijão de gás do quintal da casa da vovó. Engraçado... me lembro como se fosse hoje, você sentadinho, chupando manga... " - disse minha mãe, ontem, acariciando meu pé em seu colo. Ontem, pouco antes, quando corria no Belvedere, vi as quaresmeiras da Zuzu Angel. Em fevereiro do ano passado escrevi aqui sobre elas. Estão floridas novamente. Seus pezinhos são os mesmos, mas cresceram, floriram, correram, pegaram vento, chuva, sol, fizeram seu Caminho de Santiago, viram seu amor correndo, viram seu amor chegando, viram seu amor partindo, conheceram jardineiros prantos, encontraram encantos. Prometeram sofrer não mais, fizeram outros carnavais, viram o mar de morros daqui. Fizeram amor com a borboleta, e que amor! Se cantaram com tudo, tudaram amor, encantudoforam e viveram e viveram. Esverdejaram e verdaram e verdifizeram-se folhas em galhos tantos. Sobreviveram. Veio o tempo, v

nutreu

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só nutro o que preciso agora: só neutro o que permeia, embora só fonte que me faz da hora somente a luz que me devora Sou grato. Devo dizer do mar e do que voa, devo dizer do amor de uma pessoa. Preciso urgentemente amar sem medida, sem sentido, sem saída. Preciso, urgentemente. Falo do sangue, do verso, da palavra. Falo do tônus, do ônus, da estrada. Falo falante, que as falésias do mar testemunham o mergulho. Orgulho. Sinto-me medo, sinto-me cedo, sinto-me gato escaldado que brinca na tina. Serpentina. Sou gato, sou grato, sapato no ato. E corro ainda, desejando. Andodesejo Desej-ando...

Dos olhos de uma criança

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Fui almoçar no Mandala, o restaurante de comidas naturais da Savassi, bairro charmoso de Belo Horizonte, cidade onde moro atualmente. Na mesa da esquina da minha mesa, uma menina e um pai - supostamente. Ela deveria ter uns três anos, calculo, tendo em vista os meninos pequenos com os quais convivo hoje em dia. Por um momento não tão breve, não tão longo, me olhou fixamente. Se virou pro pai e disse: Não tem ninguém almoçando ali, naquela mesa. - apontando a mesa onde eu estava (ou supostamente estava, já não sei mais...) ... Por quê? Por que a menina não me viu? por que a menina não viu o me ? ou será que ela viu além do me ? Ela viu a verdade tudo nada eu? Me recolho ao ninguém que almoçou ali e pauso meu existir. Encanto-me com meu tudo nada e me preencho de nenhum significado. Me alegro. Agora sou só alegria nos olhos vazios da menina que só vê alegria de nada. Engraçado: alegria tem fome ... Criança tem uma sensibilidade, né?!?

Dois mil e jazz

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Novas matizes vão surgindo, enquanto me encho de cores. São cores de todo o tipo. Cores cheirosas, cores azedinhas, cores agridoces, cores quentes, cores dores. Cores respiro de mim, banho de satisfação. Passei o reveillon em meio às cores tantas que conheço, que dançam no ano jazz, como diria um peregrino amigo meu, e convidam pro baile. Dançe com as cores. Faça amor com elas. Ouça seu ritmo, encontre a frequência frenética daquela que te diz tudo. E aceite o gosto e o desgosto como parte emocionante da caixa de lápis de cor. Tenho uma foto em jornal, do arco-íris mais lindo que houve em Barcelona. Neste dia, nesta hora, no meio círculo completo que se inscreveu no céu, chamando a atenção, eu chegava naquela cidade colorida. Lembro de olhar na janela e ver o avião passando agradecido por baixo do arco-íris pós tempestade. E ver a foto, do momento, à cores, no dia seguinte, inusitadamente... Na foto, nas mãos, o violão mágico que toca cores, do violonista e violeiro brasiliense que nas