Caleidoscópio
Ganhei um caleidoscópio. Quem me deu não sabe o que significa. Somos imagens. Cacos coloridos que, juntos, reconfiguram o ser. O não ser. Desenham o estar. Dependemos da luz que incide em nós, que atravessam nossas falhas, que fazem entoar nossas cores tantas, que refletem o brilho intenso-intrínseco que trazemos. Mas ainda assim, somos cacos. Também dependemos do outro, que nos viram de ponta-cabeça, nos moldam, nos comandam, nos sacodem, nos atrapalham, nos ordenam. Quantas vezes somos orientados por eles? O princípio da alteridade nos faz vítimas dos desejos alheios, muitas vezes. E o olhar... É no olhar do outro que nos tornamos, independentes de sermos. Ser e tornar. A questão do movimento novamente presente. Movimente o olhar sobre o outro. Movifalaverdade e diga o que acha dele. O outro também é só cacos. Mas no jogo impossível do querer, caleidoscópiosesseguram, se rodam-rodeiam, se sacodem, se colocam ao sol, na luz brilhante do desejo e se misturam catando cacos, contando so