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A Lada Palavra

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Em 2001 comecei a sintonizar um show de nome " do sonho da palavra ", ou " da palavra do sonho "...  Na verdade, era um " título uróboro " meio autofágico, meio geração espontânea, uma palavra comendo o próprio rabo , transmutada em movimento. Foi como os shows que antecederam o lançamento do meu livroCD 8 , mais uma preparação...  O show só foi pros palcos em 2002 . Apresentei em BH, Nova Lima e Divinópolis, com as presenças sempre marcantes de Anthonio e Sílvia Behrens.  Nessa época, letras e textos surgiram, como a letra abaixo, que não entrou no show porque só foi finalizada este mês... Pode-se dizer que f az parte de uma parte do   lemniscateano 8 ... E, breve, terá música da pianista Pamelli Marafon. Vale aguardar: uma letra de música sem música é como uma foto do pôr do sol. A palavra é pá escavando a alma A palavra foi pala do dia-a-dia A palavra tem(,) lá, um outro sentido A palavra buscada: lavra do entendimento A palavra, escada de quem

NASCIMENTO

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Quem nasce para a música sabe. Desde cedo, fui nascido para a música. E foi amando aos poucos e cada vez de um modo diferente, que me descobri um amante ímpar. Talvez por isso, quando, ainda na década de noventa, fiz meu teste vocacional e deu: Músico, eu tenha escolhido seguir: Publicitário. (Ahn?) É que não é uma escolha fácil seguir o que se ama... Sabe por quê? Porque a magia meio que acaba.  Eu já ouvi um quilo de vezes:  "- você sabe, né?!?: a gente não casa com o grande amor de nossas vidas..."  Sinceramente? Acho que tem TOTAL relação com isso. É como a escolha por Ser Músico. Escolher ser músico implica em desmitificar o sonho, revelar o possível, descobrir o limite, encontrar a falta. Ou seja, a música passa a ser não mais o prazer puro e simples, o tesão incontido, o amor sem fronteiras. Ela se transforma em nossa frente e vira algo palpável, real, finito, limitado, questionável, imperfeito. Mas o Grande Amor É perfeito. Por isso é muito perigoso casar-se com ele.

"EIS" ou "A fonética é uma coisa interessante"

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Nada bom pode surgir às 00:30h. Nada bem pode surgir às 00:30h.... O nada incomoda. Nada in cômodo. Nada em como dou. Não há oferta do vazio. Não há oferta de nada.  E, cá pra nós, não é de nada. É obrigado. O brigado. Cá.  Pra nós. Não é de nada. É de tudo. Tu, dou. Mas como posso dar pra tu, se tenho nada? É tudo ou nada. É tu dou nada. É tu, dona da. Ethos do nada. Como eu já disse uma vez pra minha tia filósofa: ser ou não ser? EIS é a questão. (Legal essa ilustração do Adão. Apareceu quando "googlei" insônia pictures...)

SUGESTÃO

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O Capitão do ligadon.blogspot.com me deu uma ótima sugestão. Ou não - como diria Caetano Veloso... O certo é que decidi ouvir. Claro, em parte. Quando eu achar que tem propósito. Mas vamos à sugestão: todo texto, segundo meu amigo Wagner Lanna, deveria vir acompanhado de uma breve introdução. Algo que o defina. Algo que o pinte. Algo que o esclareça. Algo que o coloque em Xeque. Enfim, eu deveria falar um pouquinho sobre ele antes mesmo de sua publicação aqui no blog. Por um lado, pode induzir o caminho de possíveis reflexões. Por outro, pode gerar discussões.  Decidi, portanto, aceitar. Se você reparar o que publiquei antes desse, o "15" já coloquei uma introduçãozinha antes. Mas, vamos combinar, quando eu achar que tem sentido. Pois, como diria Rubem Alves (claro, com palavras mais bem escolhidas), "a gente não explica uma árvore; a gente se deita à sua sombra..." Meu desejo é esse: que os textos desse blog sejam cochilos de alguns minutos sob a sombra dessas pala

QUINZE

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Este texto é de junho de 2001.  Na verdade, ele surgiu como uma letra de música, mas não tem música ainda. A música, como muitas que ainda estão em algum lugar entre o significante e o significado, ainda não se materializou. Tenho muitas letras assim. Sinto suas músicas pulsando internamente em suas letras, mas nem eu e nem ninguém ainda abriu a porta do sonho pra que elas desembarquem em nossas vidas e nossos ouvidos. Quem quiser que ouça a sua música dentro desta letra... até que eu ache o parceiro ideal pra ela: quinze vezes esperei quinze dias. em quinze anos passados passam muitas luas cheias. cheia, branca é iluminada. no mar, indica a estrada e traça com linha perfeita limita o que desconheço. céu nos envolve terra sobre os meus pés (mundo pra ser preciso) e medo, o desconhecido. estudo uma fórmula grande que decifra grande parte do que procuro saber. e sem ter nada a temer morro de medo da vida. pessoas que me circundam representam sempre algo. são dôces, amargas, sem gosto.

Paris

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Quem conhece Paris sabe. Dá pra imaginar uma Paris nada romântica? Eu conheci essa Paris de perto. Foi na primeira semana do ano de 2006: Do norte do meu coração A árvore mais seca começa a ventar sozinha De longe se percebe o bailado De longe se reconhece o ballet De perto ninguém é normal E de dia o sol ainda esfria Olhei pro Sena de cima da ponte E o reflexo não me deixava ver o fundo do rio As águas correm como os metrôs subterrâneos Artérias ocultas Sementes que nascem e não perguntam porquê A vida nos parece gelada O sol nos parece apagado Mas tudo continua ali: O gato, a foto, o parto O gosto da neve na boca E o fardo de ter que ser feliz

RED ME

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Houve um dia em que o céu ficou vermelho. Um vermelho meio vinho. Quase cor de sangue. As pessoas não entenderam bem o que aconteceu. Lembro que eu passava na curva do Ponteio e, de repente, foi como se estivéssemos em um filme comercial, uma propaganda te TV. O efeito inicial era esse: o céu, que estava alaranjado-tarde sob efeito de uma ilha de edição de Deus, se transformara em poucos frames em um céu vermelho-agressivo, nuvens cinza, cinza-escuro, que andavam em uma alta-velocidade não compatível com o vento... Temi por mim. Sério. Impressionante a influência do tempo na vida das pessoas. Do clima, do tempo, do meio... Hoje me lembrei de um tempo em que o tempo passava mais lentamente e que a gente tinha tempo de nos sentir mais parecidos com a gente mesmo. Nesse dia de céu vermelho, fiquei com medo de ficar agressivo, com medo de não responder por meus atos, com medo do vermelho existente em cada uma das pessoas. Por que será que a gente associa tanto a paixão e o ódio com o verme