Miserinha
Entrei na igreja. Fiz valer minha fé. Curei enfermos, impus a paz, renasci melhor. Renovado. Renoivado. Apaixonado pela vida, em consonância com O som - se é que essa alegoria é possível. Broto que rompe a semente, broto que rompe, casulo rasgado - nesga de sol. Deito sem compromisso e me ponho a velejar, meu barco imaginário brincante das águas possíveis: Miserinha do Mar é seu nome. Sobe e desce. Desliza fácil por sobre as cristas, corte de navalha que não fere nunca, só escreve letras gigantes no mar. Suas curvas, perfeitas. Seu traço é firme. Seu barulho inconfundível. É Miserinha do Mar a cortar o vento, faca quente no pote de manteiga. Meu pão se fecha. Dou uma mordida no corpo de Cristo, bebo o vinho, faço sinal da cruz, me abençôo e meus familiares... Vão com Deus, gente!