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Mostrando postagens com o rótulo #tempo

Rubem Alves, Berenice Menegale e o meu relógio do Mickey

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Vago espaço no Tempo: sou eu a observar o Sempre.  Tempo amigo, tempo perigo, tempo abismo inexorável. Tempo jardim. Busquei um tempo pra mim. E me tornei seu amante. Ontem, recebi de presente do tempo um espaço: estive com a querida Berenice Menegale no sítio, em São Sebastião das Águas Claras. Queria poder chamá-la de Mestre. Mas seria injusto com ela. Assim, ouso chamá-la, simplesmente, de " querida " e " exemplo ". Ela é exemplo pra mim e pra tanta tanta gente...  Sentei-me no sofá, atrás do piano. E ela disse ao meu pai: –Nestor, vou começar com uma que você gosta. E começou a fazer carinho no piano. Então, eu pensei na paz. No amor profundo. Na saudade que tenho do abraço apertado e longo que nunca dei em Rubem Alves e no carinho que ele já fez em mim, tantas vezes, com todas aquelas palavras: espaço no tempo. O rosto do Sempre.  E enquanto Berenice fazia carinho no piano, ele solfejava, agradecido. A medida que as lágrimas

A volta dos que não foram

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Poeira em alto mar. É que partimos sem perceber. E, de repente, nos perdemos. Parece que fica o gosto da saudade. De nós mesmos. Desencantados?, perdidos?, não sabemos onde estamos... Escancarados, de portas e janelas abertas para o mundo, que entra todo, parece que sem pedir licença. Duvidamos de nós mesmos. Sou eu mesmo na carteira de identidade? O mundo gira, e com ele, a gente. O Tempo faz fila. E quando acordamos, estamos lá, onde quer que seja, levados por Ele. Na comédia romântica O Casamento Grego, o irmão da noiva diz a frase que nos faz calar: “não deixe que seu passado decida quem você é, mas deixe-o fazer parte da pessoa que você será”. É que há sempre escolha. É que há um Haikai meu, do livro V ENTE: Haikai do Livre Arbítrio. “Quem planta, escolhe”. Acho que é bem isso mesmo. Sempre é possível escolher entre subir ou não no trem que parte. Quantas vezes não sabemos seu destino final? Acontece que há muitas estações. Nelas, possibilidade de baldeação. Quem acha que “v

FroZen

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Escala o himalaia de seu ego em busca do Nada. Sabe, não está lá. Mas empreende com forças e energias colossais, em ato contínuo, como se a resposta viesse no mantra movimento, na crença da revelação. Ela sabe que suas escolhas congelam o mundo. Mas não se lembra que qualquer escolha deve ser seguida pelo coração. Se ele não indica o caminho, ele deve ao menos compartilha-lo. Não se manda o coração seguir uma via e vai por outra, na esperança de encontra-lo lá na frente. É preciso lembrar que as retas paralelas se encontram no infinito. E o infinito é o sempre. O momento agora, imutável na lembrança, o momento agora imutável da lembrança. Toda lembrança é forma de perpetuação do tempo. O tempo hoje, gelo quente, que pode queimar sem deixar cicatrizes. Isolar-se não muda o curso das águas. Fugir não torna qualquer realidade mais quente. É preciso aprender a patinar no gelo e descobrir que todo amor vale a pena. Quando é real. Quando é vivido em abraço, com corações alinhados

Dia da Verdade, mas pode ser chamado de "dia do juízo".

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Filha, hoje é dia 01 de abril, dia da mentira. Mas já é noite. Cedo, fui na minha segunda aula de piano. Há 1 mês, estive conversando com Maria Rita, professora da Fundação de Educação Artística, que me aceitou de volta como aluno. A última anotação que consta nas costas de um dos meus livros de partitura é de 28 de novembro de 1986. Seu pai era um menino. Eu disse a ela: – Maria Rita, preciso de sua ajuda. Meu objetivo é muito claro. Minha filha está com 3 anos. Nos seus quinze anos tenho que fazer um concerto pra ela. Com quinze músicas. Portanto, temos 12 anos pra que eu aprenda 15 músicas pra tocar pra ela nos seus 15 anos. E eu sei quais são elas. Ou melhor, quase todas. Falta uma. Essa é minha, e eu ainda não compus. Agora é noite, filha. São mais de 20h e estou sozinho aqui em casa estudando, já que tive a segunda aula. A partitura de Falling Leaves, de David Kraehenbuehl está aberta em cima do piano. Uma música simples e triste.  A coerência dessa música hoje

O Desatino de Deus

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Quando nascemos, Deus nos coloca no mundo com um destino: descobrir as três músicas que vão fazer parte de nossa vida, que vão contar em versos ou em melodia a nossa história, que irão fazer carnaval com nosso arquétipo, que virão definir nosso Caminho. Três apenas. Quando nascemos, Deus nos coloca no mundo com um destino: descobrir as três pessoas que vão fazer parte de nossa vida, que vão contar em versos e transformar a nossa história, que irão fazer carnaval em nosso arquétipo, redefinindo Caminhos, colocando-nos à prova ou nos salvando, simplesmente, da total perdição. Quando nascemos, Deus nos coloca no mundo com um destino: descobrir os três livros que vão ser parte em nossa vida, que traduzem em segredo os versos da nossa história, que são alegoria em prosa e verso do arquétipo que somos, pergaminho do nosso Caminho, testamento, epitáfio. São três as músicas do meu destino. Três as pessoas do meu Caminho. Três os livros que me revelam em palavras. Agora falta pouco.

Time is Money?

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O maior luxo do mundo: Time is money. Paro. Penso. Afinal, tenho tempo de sobra pra isso. Ócio criativo? Tal qual filósofo? Yes, bebê. Mas será que a máxima procede? Time is money? O que é tempo pra você? E luxo? E qual é afinal o seu conceito de valor? Você já parou pra pensar nisso? O meu parece divergir em algum ponto do prisma social. Tenho que responder de bate-pronto. Afinal, o meu espaço aqui é limitado pela falta de tempo de quem só corre o olho, não lê, vamos falar a verdade. Então vamos lá: Vendi minha TR4 pra ficar 3 meses caminhando, dormindo boa parte de favor e comendo basicamente uma refeição completa por dia. O que é luxo? A Pajero ou 3 meses de tempo? Eu faria os 2.500km que fiz a pé, em 88 dias, em 2 dias, se fosse de Pajero. Curiosamente, Pajero, pela origem da palavra, é ou “o mentiroso” ou “o punheteiro” – hispanicamente falando. Pras duas coisas, precisa-se de tempo. Tempo, para mim, não está ligado ao Estar. Mas sim, ao Ser. Esse é o verdadeiro fenômeno. Não o

Nada é tudo.

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*foto do arquivo público mineiro Mesmo grogue, se virou na maca quando apontou na porta, vindo do corredor do hospital: – Sabia que você estava aqui. Senti seu cheiro.  Disse ela. Os enfermeiros emparelharam a maca com a cama do quarto do hospital.  "No três" , disse um deles. E a colocaram por sobre a cama, ainda de camisola e touca cirúrgica. " Se precisar de nós, estamos no final do corredor. Ela ainda vai dormir um tempo. A anestesia é forte." Saíram. Só ele e ela. E durante longas cinco horas, permaneceu ali, sentado ao seu lado. O mundo era só. Silêncio. Metro e meio e seus olhos, dali, caminharam carinho, lentamente, pelas trilhas do corpo quente que descansava. Sem maquiagem, sem vestido decotado, sem óculos de marca. Sem produção no cabelo, sem batom. Sem salto, sem bolsa, sem carteira. Sem tudo. Com nada. Assim, ele a viu pela primeira vez. Haver. E, inexplicavelmente, foi olhando os pêlos do braço dela, aqueles pêlos

Pra mim, chega.

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Ela ligou e ele atendeu. Estava pensando em comer um hambúrguer. Ia passar no supermercado gourmet e comprar alguns ingredientes. Alface, hambúrguer feito com carne especial, ovo caipira, pão com gergelim, queijo, presunto. Bacon não, decidimos pelo presunto pra ficar um pouco mais light...  Uma cerveja especial pra agradar, surpresa de quem quer ser notada. Uma segunda-feira com gosto de quinta. Mais ou menos esse o objetivo.  Tudo pronto, tudo lindo, tudo arrumado na bancada da cozinha.  Quando o sandwich estava pronto, pronto: ele pensou em postar a foto daquele lindo sanduba no Instagram. Daí, quando armou o celular pra clicar, um clique: pra quê mesmo eu estou fazendo isso?  Com quem mesmo eu quero COMPARTILHAR? Tenho uns 550 seguidores no Instagram. Tenho mais uns 150 pedidos pra me seguir no Instagram.  Curioso que não convidei nenhuma das 700 pessoas relacionadas para estar em minha casa comendo aquele sanduba. Simplesmente especial, simplesmente

Nós não temos limites

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" Sr. Anderson, posso fazer uma pergunta? " " Pode ", disse o professor de literatura. " Porque as pessoas bacanas escolhem as pessoas erradas pra sair? ", perguntou Charlie. " Estamos falando de um alguém específico? " Charlie fez que sim com a cabeça. " Aceitamos o amor que achamos que merecemos. " - pontuou o professor. " Podemos fazer com que saibam que merecem mais? ", continuou Charlie. " Podemos tentar. " - disse Sr. Anderson. (sorriso) Leia de novo a resposta do professor, inspire e expire uma vez, antes de prosseguir: "Aceitamos o amor que achamos que merecemos." Imagino que o livro aclamado pela crítica seja bacana. Não imaginei que o filme pudesse ser. Mas tem dois momentos muito específicos que me tomaram por inteiro. Um, esse. O outro, vejam vocês mesmos (e quem me conhece vai saber na hora), se tiverem vontade de assistir a uma sessão da tarde. Claro, porque o filme não p