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Foice

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Acordou triste. Tinha perdido o entusiasmo. Estava cheio de tudo. Precisava calar, precisava ouvir o silêncio, precisava descoisificar-se. A cheiísse de tudo não guardava espaço pra Deus entrar. Precisou cavar. Foi necessário jogar tudo fora, todos fora, conceitos fora, ideias fora, problemas e soluções fora, soluços fora, mágoas fora, sorrisos fora. Foram dias. Meses. Anos. Nós. Fomos, foram-se. Foi-se. Foice. Decepou tudo. Varreu. Passou pano. Deixou secar. Abriu a janela da alma. Abriu a porta do coração. E um dia, depois de muito tempo Nada, descoisificou-se finalverdadeiramente. E pode ouvir seu sangue, sentir-se pele, respirar o vazio do ar, descobrir-se inspiração e expiração. Coraçificou-são. Hoje, ouve passarinhos e escuta crianças. Na foto, Bê Sant'Anna no Caminho de Santiago em 2009

Nada é tudo.

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*foto do arquivo público mineiro Mesmo grogue, se virou na maca quando apontou na porta, vindo do corredor do hospital: – Sabia que você estava aqui. Senti seu cheiro.  Disse ela. Os enfermeiros emparelharam a maca com a cama do quarto do hospital.  "No três" , disse um deles. E a colocaram por sobre a cama, ainda de camisola e touca cirúrgica. " Se precisar de nós, estamos no final do corredor. Ela ainda vai dormir um tempo. A anestesia é forte." Saíram. Só ele e ela. E durante longas cinco horas, permaneceu ali, sentado ao seu lado. O mundo era só. Silêncio. Metro e meio e seus olhos, dali, caminharam carinho, lentamente, pelas trilhas do corpo quente que descansava. Sem maquiagem, sem vestido decotado, sem óculos de marca. Sem produção no cabelo, sem batom. Sem salto, sem bolsa, sem carteira. Sem tudo. Com nada. Assim, ele a viu pela primeira vez. Haver. E, inexplicavelmente, foi olhando os pêlos do braço dela, aqueles pêlos