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Rubem Alves, Berenice Menegale e o meu relógio do Mickey

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Vago espaço no Tempo: sou eu a observar o Sempre.  Tempo amigo, tempo perigo, tempo abismo inexorável. Tempo jardim. Busquei um tempo pra mim. E me tornei seu amante. Ontem, recebi de presente do tempo um espaço: estive com a querida Berenice Menegale no sítio, em São Sebastião das Águas Claras. Queria poder chamá-la de Mestre. Mas seria injusto com ela. Assim, ouso chamá-la, simplesmente, de " querida " e " exemplo ". Ela é exemplo pra mim e pra tanta tanta gente...  Sentei-me no sofá, atrás do piano. E ela disse ao meu pai: –Nestor, vou começar com uma que você gosta. E começou a fazer carinho no piano. Então, eu pensei na paz. No amor profundo. Na saudade que tenho do abraço apertado e longo que nunca dei em Rubem Alves e no carinho que ele já fez em mim, tantas vezes, com todas aquelas palavras: espaço no tempo. O rosto do Sempre.  E enquanto Berenice fazia carinho no piano, ele solfejava, agradecido. A medida que as lágrimas

Setenta anos

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Devo falar sobre escolhas. Escolho falar do pai? Escolho falar do avô? Falar sobre o pai da gente é sempre delicado. Vovô Toi pra minha filha, amigo pra maioria. Pai, pra mim. Posso falar do Seu Nestor, que dá aula de música para os filhos dos caseiros da região de macacos. Posso falar do Nestor Sant’Anna, profissional de comunicação, chefe de cerimonial de mais de um governo, do secretário de ministro, do presidente do Palácio das Artes ou da Rádio Inconfidência, do gerente de relações institucionais da Fiat do Brasil ou do chefe de comunicação da Acesita, da MBR, do profissional que cuida da comunicação da Vallée há mais de 20 anos ou do conselheiro da Secretaria Estadual de Cultura. Posso falar do ex-presidente do Kairoz, entidade filantrópica de São Sebastião das Águas Claras. E posso falar do músico. Do pianista. Do acordeonista. Do que defende o músico mineiro. Do que ama a música acima de tudo, do que deu oportunidade para tanta tanta tanta gente. Pra gent

We're back

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Rock and Roll na veia. Ou na véia? A maior banda de Rock desconhecida do Brasil está de volta. Depois de amargar 4 anos na escuridão total, eis que ressurge como Fênix a banda Fenemê. Nunca ouvi falar? Provavelmente sua área não tem nada a ver com publicidade e propaganda. Formada desde o início por publicitários, a banda Fenemê era a maior banda de Rock desconhecida do Brasil. Sim, respeitável público, éramos 7. Bê Sant'Anna, este que vos tecla, nos vocais, acompanhado por Sílvia Behrens. Nas guitarras, Augusto Coelho e Francisco Brandão. No contra-baixo, Dan Zecchinelli. E na bateria Luciano Recife e Wagner Lanna. Sim, dois bateristas. Banda boa é assim. Tem até reserva de bateria. Era uma espécie de futebolzinho de terça à noite, mas sem campo, sem bola, com cerveja e muito rock. Nos reuníamos em um estúdio de ensaio sob o lema: "Ignorância é com o Fenemê" e sentávamos a lenha. Descíamos o bambu. Socávamos a bota. Na dúvida, toca alto! Dizia nosso baixista, sabi

Para Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque

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do facebook de Roberto Guido compartilhado por Patrícia Tavares Instituo verbo novo: Qurer.  Proponho desafio a Caetano, Gil e Chico. Que cada um faça uma música com o novo verbo Qurer. Ou, uma música dos três, tanto faz. Tanto faz. Proponho esse verbo n'ovo, verbo de resistência, que desconstrói a pura crença edificando-a na vontade. Que tira o verbo ser, conjugado no presente, da palavra querer.  Verbo de transcendência, que dá desse modo ao querer, o benefício do inefável, da dinâmica do andar com fé, que a fé, como já nos disse Gil, não costuma faiá. Juntei na bacia da minh'alma o crer e o querer. Pra dizer que eu acredito. Pra dizer que além de acreditar, eu quero. Pra dizer que além de querer, tenho fé. Não me venha com essa história que rir é o melhor remédio. Porque não posso ficar alheio ao que leio como crítica à contemporaneidade da alienação (a foto do Gil tocando violão no mesmo sofá de uma moça que ostenta um novo caro fone de ouvido), n

O Caminho in verso

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À noite vem, coaxar de sapos. Um curiango pia no mato, na grota que é só breu e perguntas. O vento venta bailar das folhas das pontas, as estrelas estrelam o estrear dos pontos de luzes, ouço a corrente que arrasta impaciência no cimento do canil. A lenha já é espera, paus secos, folhas mortas, pau ferro, candeia que arderá. Ascendo aos céus, acendo na terra a fogueira que começa, divagar, devagar a vontade de crepitar. Fogueio. Meu pai é vem. Ele já vovô: – Filho, pega o acordeón pra mim. Pego, pai. – Pai, faz a volta ao mundo? Peço. E me sento do outro lado do fogo, na linha de vê-lo à luz laranja e negra do existir poético noturno. Ele tec o couro que prende o fole. Fuuuu. E arrasta a palma da mão no teclado, cabeça baixa, como se carinhasse o instrumento olhando de por sobre. Aos 11 anos, meu pai dava aulas de acordeón. Antes, tocava no piano de mentira, teclas desenhadas sobre a mesa, de quem não tinha dinheiro pra comprar um instrumento. Foi imaginando os sons das no