Postagens

Mostrando postagens com o rótulo #luta

Para Fernando, Nestor, Manoel e Beatriz.

Imagem
Em setembro de 1990, depois de nove meses de intensa preparação, 20 músicos, atores, dançarinos, bailarinos, cantores, instrumentistas subiam no palco do Teatro do SESI para a estreia do musical Manoel, o audaz. Com direção geral de Nestor Sant’Anna - meu pai, que hoje completa 71 anos - e roteiro de um de seus parceiros de sonhos e ideais, Fernando Brant. Dois grandes pensadores e agitadores culturais, Nestor Sant’Anna e Fernando Brant passaram a vida sendo vozes de um mundo que eu ainda não conheci. Um mundo onde a cidadania, a honra, a verdade, a justiça são Valores inabaláveis. A fala dos dois, que vem desse mundo sonhado por eles e por tantos parceiros que comeram juntos a poeira da estrada por onde passou o jipe Manoel, ecoa em meu coração até hoje, e é o discurso que, quero crer, minha filha de 4 anos vai ouvir de mim e vai pronunciar de seu jeito aonde o povo está. Fernando embarcou em definitivo no Manoel, o audaz. Todos nós embarcaremos. Em meus sonhos mais íntimos

A corda e a cruz

Imagem
Ontem foi dia 22 de abril. Dia em que se comemora o Descobrimento do Brasil pelos portugueses. Na Assembléia Legislativa de Minas Gerais inaugurou-se uma estátua de Tiradentes. Na verdade, o dia de Tiradentes foi antes de ontem, um dia antes, o feriado de 21 de abril. Dia de sua execução. Os portugueses executaram Tiradentes. Talvez a escolha do dia da execução de Tiradentes seja representativa pelo fato dele sim, ter conseguido sua liberdade ao deixar esse mundo. Também sou um inconfidente. Não devo fidelidade ao que impera. O que impera é um mundo doente e sem justiça. A mãe da minha filha, que é descendente de português, faz aniversário no dia da execução de Tiradentes. Este ano, o dia de Tiradentes caiu junto com o domingo de páscoa. O domingo de páscoa foi antes de antes de ontem, dia 20 de abril. Na páscoa - palavra derivada de uma palavra hebraica que nos remete a "passagem" - comemora-se a ressurreição de Jesus Cristo. A passagem dele par

Degelo

Imagem
" Na vida e no amor, o pior inferno para uma pessoa é estar separado de quem se ama. " - disse o pensador... Penso, me dito. Será que tem ele razão? Foi assim que se deu. Como se entendeu separada de seu amor, resolveu separar o amor dele para sempre. Infantil satânica escolha, que vive do eco da voz de Deus, o verdadeiro amor não se separa... Sinto muito. Nem o dela, nem o dele, nem Nada. Pois nem o pobre do tudo é capaz de separar o amor verdadeiro. Ah, se abençoada fosse a fossa. Amor, imenso, líquido amálgama. O único capaz de superar, suplantar, redimir, perdoar. O anjo da vida, nota da harmonia, terra arada, semente escondida, desejo em presença, encontro, cântico, o amor é sem corrente, sem definição, infinita noção, sem deixar de ser infinito, o amor é dito, cujo, ornado, glorificado. É o Nada potente, por deinfinição... O amor ri de sacudir da distância do amado. Pois amor! Quando interno inferno, inverno de gelo. Sou guardião da primavera.

Dia da Verdade, mas pode ser chamado de "dia do juízo".

Imagem
Filha, hoje é dia 01 de abril, dia da mentira. Mas já é noite. Cedo, fui na minha segunda aula de piano. Há 1 mês, estive conversando com Maria Rita, professora da Fundação de Educação Artística, que me aceitou de volta como aluno. A última anotação que consta nas costas de um dos meus livros de partitura é de 28 de novembro de 1986. Seu pai era um menino. Eu disse a ela: – Maria Rita, preciso de sua ajuda. Meu objetivo é muito claro. Minha filha está com 3 anos. Nos seus quinze anos tenho que fazer um concerto pra ela. Com quinze músicas. Portanto, temos 12 anos pra que eu aprenda 15 músicas pra tocar pra ela nos seus 15 anos. E eu sei quais são elas. Ou melhor, quase todas. Falta uma. Essa é minha, e eu ainda não compus. Agora é noite, filha. São mais de 20h e estou sozinho aqui em casa estudando, já que tive a segunda aula. A partitura de Falling Leaves, de David Kraehenbuehl está aberta em cima do piano. Uma música simples e triste.  A coerência dessa música hoje

RECEITA PARA SER FELIZ

Imagem
“ Para ser feliz. ..”. Começa a frase e eu já me lembro da abertura do Programa Infantil de domingo, do Sílvio Santos, e da música tema: “ há um mundo bem melhor / todo feito pra você / há um mundo pequenino / que a ternura fez ”. Versão gravada primeiramente pelo intermidiático Moacyr Franco para “It’s a Small World”, um dos temas mais emocionantes de Richard & Robert Sherman para a Disney. Curioso saber que o eterno Rolando Lero, Rogério Cardoso, é quem foi o pai da versão brasileira desta música que marcou gerações. Afinal, qual a receita para ser feliz? Segundo Rogério Cardoso, acho que influenciado pela máxima que “ o Brasil é um país do futuro ”, a felicidade está em algum lugar e em algum tempo que não este. Afinal, “ há um mundo bem melhor, todo feito pra você ”. Pelo visto, não este. E você, o que acha? A felicidade está em algum outro lugar? Quer saber? Aproveite. Seja feliz agora. Não estou querendo tangenciar o niilismo ou o hedonismo, nada disso. Tem muito mais a ve

receita infalível

Imagem
Tem hora que decide desistir, que essa coisa do amor é assim mesmo um pouco burra, um pouco egoísta, um pouco tensa, um pouco chata, que na verdade esse assuntado dar e receber termina sempre em balança, e quando a gente dá e acha que o outro acha que o que a gente acha tá bom e o outro acha que a gente acha que o que o outro acha dá pro gasto, aí vira uma achação chata, cheia de achismo, saudade, desencontro, desmedido sentimento, e aí, cê já viu, né: o outro encosta, ou acha que nem tem que fazer força que já ta bom, ou espera que você entenda que do jeito do outro é que tá bom e você pensa que se o outro não consegue entender que você morreu num abraço, viveu num laço, acordou num destino, remoçou num olhar, explodiu num carinho, se encontrou numa mordida, num aperto suado, numa nuca molhada, numa cobrança besta, numa noite só quando era pra estar junto, encaixado, com beijo roubado, já que tapinha não dói, e a marca das unhas que acabam ficando nas costas acabam saindo, a mordida n

Será fim?

Imagem
Do alto, lá, de dentro, pude observar. Onde não encontro, onde não procuro, onde nenhum lugar. Quando em oração, o silêncio de quem anda. A areia que o Vento sopra escolhe minha ampulheta. No cantinho das unhas dos meus pés, na costura dos panos, todos, ela quer pousar. Dormir seu sono do Tempo, seu sonho Castelo de Areia, vontade de completar algum vazio destino. Quem sabe o nome do cavalo de São Jorge? Eu sei. Serafim veio, encontrou caído, Homem que chora na Capadócia . Chorava rios destinos, estrada rasgada aos calcanhares, fissuras no asfalto da vida. Sua bile era piche a tentar remendar desatinos. O negro da noite cobriu seus olhos todos. Véu que mata, asfixia. Serafim tem dedos delicados. Pontudos. Pontua. Seis asas, seis contos, seis casos. Santa Clara naneou por um instante e ajudou Serafim a limpar seus olhos. Todos. Soprou em sua boca o Espírito Santo esquecido num canto. Onde vassoura alguma consegue varrer. Assim, segurou ombros. Levantou queixo. Ouviu queix

até há volta

Imagem
Enquanto Beatriz dá seu primeiro passo, dou meu primeiro passo. Sociabilização: a mãe da escolha. Sim, Beatriz vai aprender a escolher. Vai aprender dizer sim e não, vai saber se impor no que é certo e errado, vai ter voz e vez. Já usa o humor como arma, é reflexiva, pensadora, mesmo com 2 anos. Beatriz dá seu primeiro passo rumo a autonomia. Dá o primeiro passo na descoberta da alteridade. Quanto tempo vai demorar? Quanto vai ter que andar? Não importa. Como diz Paul Mulders, peregrino que conheci embaixo de uma figueira no Camino de Santiago, "lembre-se: o passo mais importante, é o primeiro". Me lembro sempre, amigo Paul. Lembro das conversas que tive, dos passos que dei, do barulho das pedras maceradas por meu cajado. Lembro das horas, de me ditar enquanto andava, da vontade que tinha de aprender a ler. Sou atento aos sinais. Encontrei o perdão no Caminho de Santiago. Me perdoei. Talvez a face mais difícil do perdão: o próprio. Quero crer que Robert Frost es