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Dedentropradentro

Na tela, o cursor pisca esperando a escolha da primeira letra, da primeira palavra, da primeira frase. Do tema, do assunto, do tom. Da construção semântica que dê sentido à próxima meia hora da vida. Nada que será lido por muitos, nada que fará sentido à existência outra que não minha, um lamento, um coro, um grito, um chute no balde, uma pista. As palavras silenciam a beleza do nada. Escrevo o que acredito, dou nó na minha expectativa, repenso um, outro, relembro delas. As faço renascer e mato-as em sequência. Lembranças. Guardadas em caixas no sótão da mente, onde tábuas rangem a cada passo. Meu medo é que não aguentem o peso. E que o estalar da madeira termine nas tábuas partidas, e eu venha a cair na luz do vazio que lambe as gretas da passarela onde ando. Onde ando. Nhec. Onde ando. Nhec. ... Odiando, nheeeeeeeec. Crack. O-ou! AH AH AH AH AH ah ah ah ah

receita infalível

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Tem hora que decide desistir, que essa coisa do amor é assim mesmo um pouco burra, um pouco egoísta, um pouco tensa, um pouco chata, que na verdade esse assuntado dar e receber termina sempre em balança, e quando a gente dá e acha que o outro acha que o que a gente acha tá bom e o outro acha que a gente acha que o que o outro acha dá pro gasto, aí vira uma achação chata, cheia de achismo, saudade, desencontro, desmedido sentimento, e aí, cê já viu, né: o outro encosta, ou acha que nem tem que fazer força que já ta bom, ou espera que você entenda que do jeito do outro é que tá bom e você pensa que se o outro não consegue entender que você morreu num abraço, viveu num laço, acordou num destino, remoçou num olhar, explodiu num carinho, se encontrou numa mordida, num aperto suado, numa nuca molhada, numa cobrança besta, numa noite só quando era pra estar junto, encaixado, com beijo roubado, já que tapinha não dói, e a marca das unhas que acabam ficando nas costas acabam saindo, a mordida n