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Mostrando postagens com o rótulo #contemporaneidade

Alerta de Spoiler: há palavrões neste texto de merda

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 Talvez seja sintomático pensar que a melhor coisa que se pode querer hoje em dia é que seu texto viralize. A etimologia da palavra me dá urticária, coceira, alergia, comi-chão. Viralizar é espalhar como um vírus.  Por isso, via de regra, as pessoas pensam em fazer vídeos ou postagens para as mídias sociais que se propaguem ad infinitum. É claro: isso quereria dizer que essas pessoas são "geradoras de conteúdo".  Um saco de monosialotetraesosilgangliosideo pode ter muito conteúdo. Depende do tanto que você comeu um dia antes. Confunde-se, portanto, a palavra conteúdo como sinônimo de algo importante, ou bom, ou preciso, ou necessário. Há excelentes conteúdos e há verdadeiras piperidinoetoxicarbometoxibenzofenona vestindo a roupinha de "conteúdo". Eu não sou obtuso a ponto de não perceber a importância da fuga para quem se piperidinoetoxicarbometoxibenzofenona no trabalho, se dimetilaminofenildimetilpirazolona na sociedade, é excluído de muitas das benesses da conte

Um pau pra chamar de seu

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É preciso que algum estudioso faça um artigo de fundo sobre o pau de selfie.  Eu não sou estudioso e nem tenho conhecimento para isso. Aliás, nem pau de selfie eu tenho. Meu pau é outro. Oco. O pau de selfie é o falo contemporâneo. A ereção compartilhada.  Se dá assim: o pau de selfie fecunda o anonimato. Nasce o reconhecimento.  Filho legítimo do indivíduo com a sociedade, morre à míngua porque sua mãe é desnaturada. Ela não quer dar de mamar. Por isso, morre dias, horas, minutos depois, sem atenção, sem carinho, sem cuidados. Coitado. É preciso que alguém discorra sobre o pau de selfie. Coisinha fina que não faz canoa. Não bóia, não cutuca, não é pra toda obra, não escorrega, não protege, não faz calar. Não consola. Nem goza. Mas tá aí, pra cima e pra baixo pra todo mundo ver. Pau enorme, nosso pai? Eu tenho pena do pau de selfie. Porque de self ele me parece ter muito pouco. Não sei (mais) qual o limite do particular e do coletivo. Talvez es

Café com pão, bolacha não.

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Redes sociais ou antissociais? Ela leu uma reportagem dizendo que uma padaria em São Paulo ( Alegria Padaria Brasileira ) tinha Wi-fi e Fé. Ambas a conectavam ao que era preciso. Paro. Penso. Me dito. Decido: quero uma Wi-fé. – Uai, fé? Sim, por que não? Quero me conectar às pessoas, mas não desse modo banal. Não quero que a necessidade de aprovação seja a sinapse do qualquer contato. Quero crer que a conexão, seja ela qual for, ultrapasse o “parecer ser”. Se Shakespeare estivesse vivo hoje em dia, talvez mudasse a grande questão de Hamlet. Em tempo de Redes Sociais em que as tramas dos desejos asfixiam as relações de identidade, imagino que Hamlet diria, perplexo e ensimesmado: – Ser ou Parecer Ser? Eis a questão! Se minha fosse, assim perguntaria: Ser ou pare ser? Eis a questão... Vamos embora, minha gente... Que o ser para de ser no momento que deixa de ser para parecer ser o que quer que seja... Cadê espontaneidade? Cadê simplicidade?