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Eupelúcia

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eu no aniversário de minha filha Talvez a obra "Ursinho Pimpão" seja considerada ainda um Clássico da Humanidade, ao lado da Nona Sinfonia de Beethoven, Suite Quebra Nozes de Tchaikovsky, Primavera de Vivaldi ou A Flauta Mágica de Mozart. Talvez a Ode Ursinho Pimpão seja ainda por mestres do cordel recitada, receitada por psiquiatras lacanianos, palavra por palavra, acorde por acorde, me acorde, para acordar pais, e mães, mestres, discípulos, hunos, bascos, unicórnios, elfos, fadas. Por quê?  Porque precisa. Porque preciso. Porque não dá mais mesmo pra viver num mundo sem Ursos, sobretudo os Pimpões. Sabe, os pais são ursos. Eu, o Pimpão de minha filha. Enquanto (eu ia escrever "quando") falto, ela me coloca Pimpão no lugar. O eupimpão pega então sua mão, e a conduz pro lugar momentum sonho, pro espaço tempo do amor afago. Eupelúcia choro. Eupelúcia escuto. Eupelúcia sofro dores indizíveis, vítima da impotência da culpa paterna, a e

Haikai da espera

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todo abraço é vazio da minha filha

O dia em que morri

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Morri hoje, pela manhã. Sem que esperasse, sem que soubesse,  sem dar notícia,  sem palco, sem terno, sem lastro,  sem medo, sem tudo,  morri. Fui hoje noite, de dia. Amanheci, tomei café e fui morrer logo cedo. Morri feliz. Não tinha flor, não tinha odor e nem platéia. Não tinha médico, não tinha cético, não havia crente. Me fiz semente, morri somente. Morri. Me fiz maior, mor,  ri de mim mesmo. Foi num átimo, préstimo, servi pra algo: morri. Morri eu, comigo, mesmamente, morto completamente em vida. Morte. Quando vi VIDA e MORTE juntas pela primeira vez eu li: vidAMORte. Ciclo tímico, tácito,  me vi pétala em sua mão. Minha filha flor e eu arrancada vida em sua palma com um simples gesto de amor: – Te amo, papai! E eu, nada, escorri.  Esvaí-me sentidos todos, múltiplos, numa morte linda e pura e louca e intensa e imensa. Nudação. E renasci pelado pai, sorriso só, 

até há volta

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Enquanto Beatriz dá seu primeiro passo, dou meu primeiro passo. Sociabilização: a mãe da escolha. Sim, Beatriz vai aprender a escolher. Vai aprender dizer sim e não, vai saber se impor no que é certo e errado, vai ter voz e vez. Já usa o humor como arma, é reflexiva, pensadora, mesmo com 2 anos. Beatriz dá seu primeiro passo rumo a autonomia. Dá o primeiro passo na descoberta da alteridade. Quanto tempo vai demorar? Quanto vai ter que andar? Não importa. Como diz Paul Mulders, peregrino que conheci embaixo de uma figueira no Camino de Santiago, "lembre-se: o passo mais importante, é o primeiro". Me lembro sempre, amigo Paul. Lembro das conversas que tive, dos passos que dei, do barulho das pedras maceradas por meu cajado. Lembro das horas, de me ditar enquanto andava, da vontade que tinha de aprender a ler. Sou atento aos sinais. Encontrei o perdão no Caminho de Santiago. Me perdoei. Talvez a face mais difícil do perdão: o próprio. Quero crer que Robert Frost es